Vitória de Evo fortalece demanda indígena

2006-01-29 00:00:00

Indígenas do Brasil, Bolívia, Venezuela, Equador, Chile, México,
Colômbia e
Peru discutiram, na manhã do dia 26, a exploração os recursos naturais
em
terras indígenas e a relação dos Estados nacionais com os povos. Foram
levantadas questões como o reconhecimento do direitos desses povos à
terra,
as políticas públicas voltadas a eles e a participação indígena nos
governos.

O tema da participação política ganha força depois da chegada de Evo
Morales, do povo Aymara, à presidência da Bolívia, mas este debate já
está
presente há anos nas pautas dos movimentos indígenas latino-americanos,
especialmente em países como o Equador, onde o ex-presidente Lucio
Gutiérrez
foi eleito com apoio massivo dos indígenas. Mais tarde, no entanto, o
coronel
equatoriano foi retirado do cargo também pela articulação de indígenas
e de
outras forças populares que se sentiram traídas pela manutenção de
politicas
neoliberais. ?Ainda que hoje existam governos progressistas, as
estruturas e
modelos de Estado são coloniais, ignoram a presença da diversidade de
povos.
Até agora, os Estados não fizeram um esforço real para conhecer os
povos e
menos ainda para implementar politicas públicas contra a exclusão
política e
econômica que ainda existe?, avalia Humberto Cholango, da Ecuarunari,
organização indigena equatoriana.

Oportunidade

Novas perspectivas para mudar este quadro se abrem com o governo de Evo
Morales
na Bolívia, onde o projeto político que sustenta o governo foi feito
com a
participação dos indígenas e dos movimentos populares, que criaram o
partido
do qual Morales faz parte, o Movimiento al Socialismo (MAS), como um
braço
político dos movimentos. ?Conseguimos que a política deixasse de ser
privada, assunto apenas dos partidos políticos, e a levamos para as
ruas e
para os caminhos. A política não é só a arte de governar, mas a forma
de
convivência das pessoas?, afirmou Oscar Olivveira, do MAS.

Já os indígenas mexicanos ligados ao movimento Zapatista optaram por
não
apoiar nenhum partido político nas eleições presidenciais que ocorrem
em
2006, mas realizam uma mobilizacão chamada ?Outra Campanha?, na qual
buscam debater com a populacão mexicana caminhos para o país.

Na Venezuela, a discussão passa pelo desafio de manter a independência
do
movimento indígena quando este ocupa espaços que se abrem dentro do
governo
de Hugo Chávez, mas que nem sempre conseguem atender às formas de
representacão próprias dos povos indígenas. No Chile, o povo Mapuche vê
como positiva a presenca indígena em algumas prefeituras, mas avalia
que esta
participação não foi suficiente para evitar que o Estado chileno
incluísse
as terras indígenas entre os território que foram entregues para
exploração
de empresas estrangeiras no forte processo de privatizações vivido por
este
país desde os anos 1990.