Ação feminista para mudar a economia

2006-01-27 00:00:00

A relação entre pobreza das mulheres e como essa situação auxilia na
manutenção da desigualdade, na exploração da mão de obra feminina e do
próprio sistema capitalista foi apresentada por Francine, que acredita
que
as políticas compensatórias do Banco Mundial (BM) utilizam a pobreza
para
aprofundar suas políticas neoliberais. Além disso, a professora relatou
que
o BM considera a pobreza como um problema individual das pessoas, não
tendo
os Estados e governos nenhuma responsabilidade.

No ano 2000, o termo pobreza foi definido pelos técnicos do Banco
Mundial
como um estado de vulnerabilidade e de falta de poder. A essa tese foi
incorporada a idéia de que as mulheres são as quem mais defendem as
famílias, gastam o dinheiro em prol do bem-estar dos outros,
esquecendo-se
delas mesmas. Daí a garantia de que sempre aceitarão os piores
trabalhos e
salários.

Na América Latina, 50% das mulheres não têm renda própria, o que gera
uma
série de situações discriminatórias e de controle da vida das mulheres,
sendo que das que trabalham, ainda há a realidade cruel de desigualdade
salarial, que pode variar de 60 a 70% do que ganha um homem na mesma
função.

Outro tema de estudo é o trabalho doméstico não remunerado e seus
impactos,
pois é a partir dele que o sistema patriarcal se perpetua. As políticas
econômicas neoliberais também são vistas como responsáveis pela pobreza
no
mundo, atingindo particularmente as mulheres. E mesmo países que
crescem
economicamente não são capazes de retornar esses ganhos à população. No
Peru, que teve crescimento de 21%, reduziu a pobreza em apenas 2%. Para
Ana
Tallada, a solução que o feminismo apresenta é buscar novos enfoques
para a
produção\reproduzão, distribuir renda por meio de melhorias nos
salários,
acesso à terra e água, e apresentar a luta contra a pobreza como uma
política contra a riqueza e a concentração de renda.

Mulheres de muitas nacionalidades presentes à atividade criaram um
quadro
diverso de experiências e expectativas em termos de lutas a serem
encampadas, que vão desde propostas que unifiquem o movimento de
mulheres, a
luta contra os tratados de livre comércio, mecanismos de igualdade de
gênero
em processos revolucionários.