FSM preserva independência em relação ao governo Chávez, mas não ignora processo transformador

Autonomia sim; indiferença, não

2006-01-25 00:00:00

De Caracas

O fato de o governo de esquerda de Hugo Chávez sediar a sexta edição do Fórum Social Mundial não significa que a organização do fórum esteja passando por um processo de influência partidária ou de setores governamentais chavistas. Esta foi a posição defendida pela organização do FSM durante coletiva de imprensa no início da tarde do dia 24, em Caracas.

Emílio Taddei, do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais e um dos responsáveis pela organização do Fórum, destacou a importância da infra estrutura local na organização do evento, mas avaliou que este apoio não significou algum tipo de controle. "No Brasil, tivemos apoio das instâncias municipal, estadual e federal. Isto não significou que o poder governamental exerceu algum tipo de controle sobre o Fórum. O Governo da República Bolivariana da Venezuela respeitou o espaço e a autonomia do Fórum", explicou Taddei.

A organização, no entanto, não ignora o processo transformador vivenciado na Venezuela. Pelo contrário, os movimentos e ONGs que viabilizam o encontro entendem que, neste momento existe, principalmente na América Latina, um processo de mudanças no cenário político que evidencia a intensificação da luta dos movimentos sociais e de seus ganhos, como exemplifica a chegada de Evo Morales à presidência da Bolívia. "Obviamente, a maioria dos movimentos e organizações sociais que fazem parte do fórum está contente com a transformação política que está acontecendo. Isto porque estamos falando dos impactos do processo de reivindicação e mobilização contra a política neoliberal".

O FSM nasceu em 2000 e, desde o início, contribui para o debate e a ação política em todo o mundo contra a política neoliberal. "Não houve nenhuma modificação de seus princípios. A programação é autônoma e a organização, autogestionada. As atividades são marcadas pela diversidade de temas, propostos pela rede dos movimentos", explica.

Caracas abriu suas portas para receber delegações de militantes da América, Europa, Ásia, África e Oceania, E, neste espaço, reafirma Phumi Mthetwa, também organizadora do fórum, os movimentos e organizações sociais devem desenvolver conjuntamente respostas às questões e às demandas sociais.