Marcha de abertura do FSM toma Caracas e reafirma a luta dos povos contra o imperialismo e o neoliberalismo
Em cena, a agenda dos movimentos sociais
de Caracas, Venezuela
Para quem vai ao Fórum Social Mundial (FSM), a marcha de abertura é sempre um dos momentos mais aguardados. Trata-se da oportunidade de caminhar, lado a lado, com lutadores de causas e lugares dos mais variados. Não foi diferente em Caracas, Venezuela, onde, no dia 24 de janeiro, a segunda das três edições do 6º FSM teve início. A primeira terminou no dia 23 em Bamako, Mali, e a última deve ocorrer dentro de dois meses, em Karachi, Paquistão.
Na marcha, a delegação das trabalhadores têxteis do Chile era um dos grupos mais animados. Como se estivessem em um estádio de futebol, não pararam de cantar durante todo o trajeto músicas, desde as mais lúdicas até as que denunciavam o modelo econômico e os privilégios dos empresários.
Uma das marchantes mais animadas era Patricia Coñoman. Ela esclarece que a música é uma tradição da esquerda chilena, mas mostra que também sabe falar sério: "viemos a Caracas porque se não sairmos pelo mundo e, especialmente, pela América Latina defendendo nossas bandeiras, as transnacionais farão isso em prejuízo dos nossos povos. É necessário promover uma contra ofensiva ao avanço das política neoliberais", indica Patricia.
A ativista conta que a principal luta da sua organização é por melhor salários, principalmente para as mulheres. Patricia explica que o Chile real não é aquele dos resultados macroeconômicos projetados pela imprensa internacional. "A péssima distribuição de renda impede que o desempenho da economia melhore a vida das pessoas. Assim, a população sofre com a pobreza e a fome", revela.
A chilena admite estar contente com a vitória de uma mulher nas eleições presidenciais, mas tem poucas expectativas com relação ao novo governo. Ela acredita que Michelle Bachelet – eleita pelo Partido Socialista (PS) no dia 15 de janeiro – não vai mudar a política de seu antecessor Ricardo Lagos, também do PS. "Dificilmente alguma coisa vai mudar se a Constituição não for refeita", protesta, referindo às leis em vigor desde que o ditador Augusto Pinochet exerceu um regime sanguinário no Chile entre 1973 e 1990. (veja a reportagem completa na edição 152 do jornal Brasil de Fato)