Marcha contra imperialismo reúne 60 mil no FSM
Bandeiras de todas as cores, pessoas de muitas nacionalidades, palavras
em diversas línguas representaram os movimentos sociais de todo o mundo
que ocuparam as ruas de Caracas (Venezuela) ontem. Foi a Marcha contra
o Imperialismo. A caminhada, que marcou a abertura oficial da VI edição
do Fórum Social Mundial, reuniu mais de 60 mil pessoas nas avenidas da
capital venezuelana para dizer não ao imperialismo e defender a
soberania latino-americana.
"Este é o espaço para trocar experiências, fortalecer a união e
impulsionar o debate sobre a Reforma Agrária em toda a América Latina",
afirmou Wendy Cruz, de Honduras.
"Este Fórum ficará na história. É muito importante que ele esteja
acontecendo aqui, porque os olhos do mundo estão virados para cá. O FSM vai
ajudar a impulsionar o processo de transformações pelo qual passa a
Venezuela e contribuir a fortalecer os movimentos sociais daqui", afirmou
Altacir Bunde, do Movimento dos Pequenos Agricultores do Brasil e da
Via Campesina Internacional.
O sociólogo Edgardo Lander, integrante do Comitê Organizador do FSM,
também tem esta opinião: “acredito que será muito bom o contato entre as
organizações sociais venezuelanas que nasceram nos últimos anos e os
movimentos de outros países, troquem experiências, conhecendo assim essas
organizações pessoalmente. A partir disso, pode-se estabelecer uma rede
de contatos de intercâmbio e enriquecer muito o processo social
venezuelano, organizativo, de base, de movimento".
De fato, a participação dos movimentos do país sede do Fórum é grande.
"Guerra Total ao latifúndio. Terra ocupada é terra trabalhada". Estas
palavras de ordem foram algumas das que marcaram a participação da
Frente Nacional Camponesa Ezequiel Zamorra na marcha. Ela é uma das
organizações sociais do país que tem sua origem no bairro 23 de janeiro, com
intensa história de luta e resistência mesmo antes do processo da
revolução bolivariana.
Paralelo ao Fórum, a Frente está organizando o II Acampamento
Internacional Bolivariano. O primeiro aconteceu em agosto durante o 16° Festival
Mundial da Juventude, também realizado em Caracas.
A população caraquenha, mesmo aqueles e aquelas que não participaram
ativamente da marcha, incentivam a realização do FSM na cidade. "É
preciso lutar, se organizar. Sem isso nenhuma mudança será possível",
defendeu Cristina Torrez, moradora da cidade. Além disso, o apoio ao
presidente Chavez é uma constante nas conversas com os venezuelanos.
A marcha, que saiu da Praça de las Tres Gracias, teve seu fim na Praça
Los Próceres. Lá aconteceu um ato político e cultural onde o
compromisso na luta contra o imperialismo e a guerra foi reafirmado.
"Representamos grandes avanços na América Latina. Representamos a diversidade do
mundo. Esta é a possibilidade real de unir nossas lutas", afirmou Juana
Ferrer da CONAMUCA (Confederação Nacional de Mulheres Camponesas), da
República Dominicana e integrante do Comitê Organizador do Fórum.