Mulheres em Movimento Mudam o Mundo
Essa era a convicção das centenas de mulheres que se reuniram na Assembléia da Marcha Mundial das Mulheres, realizada na quinta-feira, dia 27, durante o FSM em Porto Alegre.
A assembléia começou pondo as mulheres literalmente em movimento ao som de muitos tambores. Em seguida o que se viu foi uma síntese da diversidade de mulheres dos 5 continentes que estão se juntando na marcha para enfrentar dois grandes problemas mundiais: a pobreza e a violência, que se agravam e se tornam mais femininos a cada dia.
O objetivo da assembléia foi a socialização das atividades da Marcha que estão programadas para este ano. Em 2005 irá circular pelo mundo a carta da Marcha Mundial de Mulheres para denunciar e combater as várias formas de violência, e mobilizar as mulheres para a luta contra as políticas neoliberais.
As atividades que acompanharão a passagem da carta vão ter os seguintes eixos de debates e ações: contra a guerra e o livre comércio, em defesa da desmilitarização e da soberania alimentar.
O lançamento da carta será em São Paulo no dia 8 de março, com uma grande manifestação que deve reunir milhares de mulheres de todo o Brasil na Av. Paulista, símbolo do poder do grande capital industrial e financeiro do país. De lá a carta segue para Porto Xavier no RS, fronteira com a Argentina. Ao todo a carta vai ter paradas em mais de 50 países, passando por grandes cidades, mas também por áreas rurais e fronteiras, mostrando que a luta deve envolver mulheres urbanas e camponesas de todas as nacionalidades.
Em todos os lugares a carta será um instrumento de unificação das mulheres na luta contra os problemas nacionais e globais.
Por isso, no Brasil será um instrumento de luta pela reforma agrária nas mobilizações das mulheres da Via Campesina, contra as reformas neoliberais e alca nas ações das trabalhadoras urbanas e rurais. Na Colômbia uma ferramenta de unidade das mulheres contra a guerra. No México as mulheres querem aproveitar a passagem da carta para dar visibilidade aos impactos dos tratados de livre comércio sobre o país, principalmente para as mulheres. E assim segue pelo mundo afora.
A parada final da carta está prevista para 17 de outubro na cidade de Ouagadougou, em Burkina Faso, um país africano que é um dos mais pobres do mundo e onde as mulheres são a maioria entre os pobres e sofrem com várias formas de violência.
Junto com a carta vai circular uma colcha de retalhos que vai sendo construída com a contribuição de mulheres de todo o mundo. Cada retalho deve simbolizar como as mulheres daquele país vêem a marcha. A colcha será um símbolo perfeito da marcha; aos poucos as mulheres de todas as etnias, idades, profissões, opções sexuais, vão se juntando e cuidadosamente costurando com uma pluralidade de linhas, de saberes, de cores, de sorrisos, de dores... uma articulação bonita, forte e corajosa que tem um objetivo tão ousado quanto as mulheres feministas/socialistas: Mudar o Mundo.