Vencedor do Prêmio Nobel da Paz convida para a luta em favor dos direitos humanos no FSM
s conseqüências e o horror deixado pelas guerras no mundo foi o tema debatido ontem (27), no seminário “Mística da Paz” que lotou o auditório Araújo Viana,em Porto Alegre. Participam do evento o vencedor do Prêmio Nobel da
Paz, Adolfo Perez Esquivel (Argentina), Leonardo Boff (Brasil), Ir. Rosa Germano (Angola),Frei Sérgio Görgen (Brasil).
Esquivel, que recebeu o Nobel da Paz em 1980, em razão de sua luta em favor dos direitos humanos na Argentina – falou dos efeitos da reeleição do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e alertou sobre a possibilidade de
agravamento da tensão internacional. "Escrevi uma carta para Bush sobre a situação provocada por seu país em todo o mundo e a violação dos direitos humanos.“
Para o argentino, é necessário que todos assumam a responsabilidade de lutar pelos direitos humanos e não ser indiferente ao sofrimento dos outros. Esquivel foi incisivo ao afirmar que os direitos humanos não tem fronteiras.
“Durante dez anos, o mundo não se comoveu com a guerra no Iraque. Em qualquer lugar no mundo onde for violado esses direitos, também é violado os nossos direitos”.
Ao finalizar sua participação, Esquivel alertou para a criação de estratégias de lutas para enfrentar quem viola os direitos humanos. “Não podemos passar pela vida de mãos vazias. Vamos passar pela vida de mãos cheias de esperança
e solidariedade. É hora de enfrentarmos a situação".
No relato de irmã Rosa Germano, da Angola, ela descreveu a situação de miséria e o sofrimento dos povos africanos. “Angola é o 4º produtor mundial de diamantes, produz cerca de um milhão de barris de petróleo por dia. No entanto, o
povo vive na miséria. “ De acordo com ela, 74% das mulheres e 48% dos homens são analfabetos. A irmã também falou com muito pesar sobre o grande número de pessoas mutiladas pelas minas terrestres. “Ficamos muito tristes em saber que essas minas foram compradas do Brasil e escrevemos uma carta para o governo brasileiro”.
O deputado estadual, Frei Sérgio Gorgën, também presente na mesa deu seu depoimento sobre a experiência de envolvimento com a luta camponesa. “Há 25 anos convivo com o povo do campo. Antes de conhecer a realidade desse povo, eu
achava que era solidário. Mas hoje reconheço que eles é que são solidários”. Para ele, o latifúndio é o maior promotor da violência no campo. “Participei de várias mobilizações e algumas delas houveram enfrentamentos com a polícia. Tenho convicção que sem a reforma agrária não haverá paz no campo”.
Para encerrar a noite, o professor e teólogo Leonardo Boff, disse que para haver paz é preciso antes de tudo que o mundo tenha justiça e o cuidado. Considero a justiça a mãe e o cuidado o pai da paz. Precisamos levar paz a terra, pois a
ela é consequencia de nossa relação com nós mesmos, com a natureza e com Deus”.