Venezuelano quer ações unificadas

2005-01-28 00:00:00

“O Fórum Social Mundial precisa ter mais articulação entre as diversas organizações”, avalia Ivo Rodrigues, coordenador nacional dos Círculos Bolivarianos (um tipo de comitês populares). Rodrigues esteve na Tenda de Solidariedade Cuba-Venezuela, um espaço de convivência do FSM, para uma atividade de rechaço à intervenção da Colômbia nos assuntos venezuelanos.

O presidente Hugo Chávez acusa o governo colombiano de Álvaro Uribe de violar a soberania de seu país. Uribe teria pago soldados venezuelanos de baixo escalão para seqüestrarem um integrante das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) que estava na Venezuela e entregá-lo a militares colombianos. A operação acirrou a tensão entre os dois países fronteiriços, que já acumulam diferenças políticas. Os Estados Unidos, por sua vez, avalizaram oficialmente a ação de Uribe e condenaram o repúdio de Chavez. O governo venezuelano pretende levar o caso à ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA).

Perspectivas
Rodrigues analisa que, em seu segundo governo, George W. Bush vai fortalecer o ataque ideológico e militar contra a Venezuela. “Querem criar uma nova Nicarágua. A idéia é nos derrotar conduzindo uma guerra a partir de guerrilhas de mercenários”, denunciou Rodrigues. Segundo ele, com o Plano Colômbia, os Estados Unidos mantêm 400 assessores militares na fronteira com a Venezuela treinando militares e paramilitares. Esse contingente poderá ser duplicado com as novas diretrizes do governo estadunidense. “Eles tentaram a via eleitoral, perderam. Fizeram um ataque midiático, mas nós resistimos. Deram um golpe, e foram derrotados. Agora, só resta a via militar”, avalia Rodrigues.

O venezuelano afirma que o seu governo deve recorrer à ONU e à OEA para exigir que Estados Unidos e Colômbia entreguem terroristas venezuelanos que estão em seus territórios. “Temos uma lista de pessoas que atentaram contra a vida de Chavez, golpistas que vivem nesses países. Pedimos a intervenção da ONU nesse tema”, explica.

Ação conjunta
Os Círculos Bolivarianos são uma espécie de comitês de discussão política, social e cultural, instalados em bairros populares das cidades venezuelanas. Esses espaços tiveram um papel fundamental na manutenção do projeto bolivariano, organizando a resistência, quando os empresários locais deram um golpe de Estado e derrubaram Chávez.

Para Rodriguez, o Fórum Social Mundial deveria avançar no sentido de interpelar às organizações internacionais para barrar o imperialismo. “Há muitas conferências, muita dispersão. Falta uma ação mais articulada que permita a produção de um documento único apelando à ONU contra a postura dos Estados Unidos que, sem dúvida, são hoje os maiores violadores dos direitos humanos, ambientais e sociais”, opina.