Via Campesina defende unificação da luta dos movimentos sociais

2005-01-27 00:00:00

No primeiro dia de atividades do 3º Acampamento Latino-americano da Via Campesina que está sendo realizado no Ginásio Tesourinha, foi debatido o tema “As Novas tecnologias para a agricultura, o modelo agrícola das elites e o projeto popular para a agricultura”. Participaram da mesa de debate Sílvia Ribeiro (ECT-México), Peter Rosset (Food First-EUA) e João Pedro Stédle (MST-Brasil). As atividades fazem parte da programação do Fórum Social Mundial (FSM), que acontece de 26 a 31 de janeiro, em Porto Alegre/RS.

Durante as exposições os palestrantes defenderam a soberania alimentar dos povos e um novo modelo para a agricultura camponesa. A jornalista e pesquisadora da Organização mexicana Action Group on Erosion, Technology and Concentration, Silvia Ribeiro, defendeu a luta contra os transgênicos e o controle das sementes pelas empresas multinacionais. “É preciso resgatar a cultura camponesa, pois somente os camponeses sabem o que é melhor para o campo”.

Já o PhD em Agroecologia e co-diretor do Food First/The Institute for Food and Development Policy , Peter Rosset, falou sobre a importância de se construir um modelo alternativo para a agricultura e a necessidade de uma luta permanente contra as multinacionais. Para ele, os efeitos da Medida Provisoria da Biotecnologia aprovada no Brasil trará muitos prejuízos para o campesinato mundial. “Antes da aprovação da MP no Brasil, a Monsanto estava perdendo seus investidores e quase ganhamos a batalha contra a multinacional. A aprovação foi fundamental para a recuperação da empresa, mas ainda está nas mãos do povo brasileiro reverter essa situação e dar um golpe mortal.”, conta Peter. Somente três países produziam sementes trangênicas EUA, Canadá e Argentina, o que representava 70% da produção de soja.

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedle, disse que “os movimentos devem lutar contra os transgênicos e o agronegócio”. João Pedro afirmou que o atual modelo implantado na agricultura não resolve o problema social e nem preserva a soberania nacional. “Esse modelo é perverso e os camponeses vão se unir e intensificar as lutas de caráter internacional”, conclui.