Povos do mundo contra as mudanças climáticas

2010-04-19 00:00:00

Está tudo pronto para Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra. Convocada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, em dezembro do ano passado, durante o encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague, Dinamarca, que pouco conseguiu avançar sobre o tema, a conferência dos povos pretende tirar ações mais contundentes para frear o aquecimento global. Entre as propostas já expostas na convocatória do evento estão a realização de um referendo mundial sobre as mudanças climáticas e a constituição de um Tribunal de Justiça Climática de caráter global.
 
Com sede na cidade de Cochabamba, Bolívia, o encontro será realizado entre os dias 19 e 22 de abril, reunindo organizações sociais, governos de todo mundo e organismos internacionais.
De acordo com o Vice-ministro de Planejamento Estratégico da Bolívia, Raul Prada, todos os encontros da ONU sobre mudança climática só se reduzem ao tratamento dos efeitos do problema, ao invés de se concentrarem nas causas estruturais da crise ecológica, como se fosse possível resolver o problema com a redução de emissões de gás. “No caminho de Kioto, Cancun, passando por Copenhague, há uma pedra: a Conferência Mundial sobre a Mudnaça Climática. Nesta conferência, os povos, os países participantes, os governos convidados, além dos movimentos sociais, organizações, instituições, intelectuais críticos e cientistas vão discutir as causas estruturais da mudança climática, da degradação e depredação ambiental, da crise ecológica”, pontua.
 
De acordo com o coordenador geral da Conferência, o ex-ministro de Culturas, Pablo Groux, pouco mais de 15 mil pessoas, sendo cerca de oito mil estrangeiras, já estão inscritas para o evento, que terá como palco principal a universidade Univalle.
 
Ao total, serão 17 mesas de trabalhos previstas pela organização oficial do evento, que contarão com a presença de Evo Morales e Álvaro Garcia Linera (presidente e vice-presidente da Bolívia), além de intelectuais e militantes internacionalmente conhecidos como Jose Bové, Naomi Klein e François Houtart. Entre os brasileiros, estão escalados os teólogos Frei Betto e Leonardo Boff, além do dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Edigio Brunetto.
 
Porém, a falta de debates previstos sobre problemas ambientais internos da Bolívia levaram algumas organizações sociais a realizar a chamada “Mesa Popular 18”, exatamente para discutir problemas nacionais. Convocam  esta atividade o Conselho  Nacional de Ayllus e Markas do Qullasuyu (Conamaq), a Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia (Cidob), o Centro de Estudos Jurídicos e Investigação Social (Cejis), o Centro de Estudos para Desenvolvimento Laboral e Agrário (Cedla), União Nacional de Instituições para o Trabalho de Ação Social (Unitas), a ONG Produtividade, Biosfera e Meio Ambiente (Probioma), entre outras. 
 
Confira abaixo os debates previstos na programação oficial
 
Segunda, 19 de abril
1º MESA – Construindo o viver bem: conquistas de quatro anos de gestão do Presidente Evo Morales Ayma (14:30 as 18:30)
- Raúl Prada, Luis Arce Catacora, Ministro de Economia e Finanças da Bolívia, Carlos Villegas Quiroga, Marvin Molina Casanova.
Terça, 20 de abril
2º MESA – Inauguração da Conferência (08:30 a 10:30)
Evo Morales Ayma e representantes de povos do mundo, governos e organismos internacionais
3º MESA – Descobrimentos científicos sobre a mudança climática (10:30 a 12:30)
- Edson Ramírez, Bill McKibben, Foster Brown, Jim Hansen, Ricardo Navarro.
4º MESA – Causas estruturais da mudança climática (14:30 a 16:30)
Álvaro García Linera, María Fernanda Espinosa, Henry Leff Zimmerman, Edgardo Lander, Fred Magdoff.
5º MESA – O ABC das negociações sobre a mudança climática (14:30 a 16:30) Martin Khor, Lumumba Di Aping, Angélica Navarro, Lim Li Lin, Praful Bidwai.
6º MESA – Migrações forçadas pela mudança climática (14:30 a 16:30)
Raul Delgado Weiss, Pablo de la Vega, Colin Rajah, Aldo Morrone, Alice Cutler.
7º MESA – Novos modelos para reestabelcer a armonia com a natureza (16:30 a 18:30)
David Choquehuanca, Vandana Shiva, Frei Betto, Xavier Albó, Isabel Donato
8º MESA – Construindo o Tribunal de Justiça Climática (16:30 a 18:30)
Miguel D’Escoto, Adolfo Pérez Esquivel, José Antonio Martin Pallín, François Houtart, Elyzabeth Peredo, Alberto Saldamando.
9° MESA – Necessitamos de um referendo mundial sobre as mudanças climáticas? (16:30 a 18:30)
Bernard Cassen, Amy Goodman, Edigio Brunetto, Joel Marsden, Vera Mugittu.
 
Quarta, 21 de abril
10° MESA – Dívida climática: o que é e quem é responsável (08:30 a 10:30)
Naomi Klein, Beverly Keene, Matthew Stilwell, Lidy Nacpil, Tom Sharman.
11° MESA – Financiamento, tecnologia e mercado de carbono (08:30 a 10:30)
Bernarditas Muller, Claudia Salerno, Joanna Cabello, Silvia Ribeiro, Mithika Mwenda, Bert Maerten.
12° MESA – Definindo uma estratégia comum depois de Cochabamba (10:30 a 12:30)
Miguel Palacín, Nicola Bullard, Asad Rehman, Tom Kucharz, Meenakshi Raman, Leonilda Zurita, Julia Carmen Sanchez, Wendel Trio.
13° MESA – Direitos da Mãe Terra (14:30 a 16:30)
Vandana Shiva, Alberto Acosta, Leonardo Boff, Corman Cullinan, Miguel D’Escoto, Shannon Biggs.
14° MESA – Perspectivas de governo sobre as mudanças climáticas (14:30 a 16:30)
Expositores de governos convidados
15° MESA - Florestas, alimentos e água sob as mudanças climáticas (16:30 a 18:30)
Patrick Mooney, Timothy Byakola, Jose Bové, Alberto Gómez Flores, Hildebrando Vélez, Maude Barlow.
16° MESA – Plenária: Apresentação das conclusões dos grupos de trabalho e da Declaração Final dos Povos (16:30 a 18:30)
Quinta, 22 de abril
17º MESA – Diálogo Povos-Governos (08:30 a 12:30)
Presidentes convidados, representantes dos Povos do Mundo, delegados convidados de Governos e de organismos internacionais.