Brasil: Prisões arbitrárias
A Barragem de Barra Grande, construída pelo Consórcio BAESA (VOTORANTIM,
BRADESCO, CAMARGO CORREA, CPFL, ALCOA, DME) já há algum tempo vem sendonotícia a nível nacional, pelas fraudes ambientais e falta de resolução
dos problemas sociais que tem causado. Os agricultores atingidos pela
Barragem de Barra Grande estiveram sempre reivindicando seus direitos e
denunciando as injustiças cometidas na questão social e ambiental.
Com muita luta e organização, os Atingidos garantiram um Acordo Social
firmado em dezembro de 2004, o qual não está sendo cumprido. Além disso,
muitas famílias estão desde 2001 sem terra para plantar e produzir seu
próprio alimento, mesmo tendo seus direitos provados.
Percebendo a demora da empresa em cumprir com o Acordo, os agricultores
Atingidos ficaram sem opção. Por isso, se mobilizaram para agilizar as
negociações. A pauta de reivindicações foi entregue aos direitores do
Consórcio Local. Esperavam uma resposta do direitor da Empresa, Alberto
Miranda de Bezerra.
Enquanto os agricultores esperavam a decisão, um Advogado da Empresa,
Luciano de Maria, pediu ao MAB que enviasse alguns representantes para
irem junto com ele ao fórum de justiça da cidade, protocolar a ação de
desapropriação de uma área de terra destinada à construção de um
reassentamento das famílias. Chegando ao fórum da cidade, para surpresa de
todos, o advogado inventou que estava sendo ameaçado e coagido pelos três
agricultores, que imediatamente foram presos por ordem do juiz Alexandre
Karazawa Takashima.
A partir das prisões, a Polícia começou a investir contra os agricultores,
usando bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Na ação policial, 20
pessoas ficaram feridas. Além disso, mais dois agricultores foram presos,
os quais foram agredidos pelos policiais, colocados num camburão, junto
com os três agricultores já presos. Em seguida, o camburão levou os
agricultores para o presídio em Lages / SC, distante cerca de 100 km de
Anita Garibaldi.
O clima de tensão permanece na cidade, ontem (15) no final da tarde uma
equipe de policiais juntamente com um oficial de justiça estiveram no
escritório do MAB tendo em posse mandados de prisão de mais cinco
agricultores do MAB.
Os agricultores continuam mobilizados, acampados próximo a cidade de Anita
Garibaldi e ali permanecerão enquanto os que estão presos não forem
libertados e as negociações com a empresa não avançarem.
* Movimento dos Atingidos Por Barragens – MAB