Congresso da CLOC reafirma sua luta contra o neoliberalismo e por um projeto alternativo

2005-10-12 00:00:00

Depois de três dias de trabalho intenso, em que o debate, a reflexão, a análise e a auto-crítica de
sua última década de ação estiveram presentes, acabou nesta terça, 11 de outubro, o IV
Congresso da Coordenadora Latinoamericana de Organizaçoes do Campo (CLOC). O encontro
reafirmou sua total oposição ao capitalismo neoliberal e suas políticas impostas pelo FMI e OMC
e ratificou sua luta por um novo projeto alternativo. Na declaração final se afirmou também uma
luta permanente contra estas políticas neoliberais, que é também uma luta em defesa da
humanidade e da vida.

O Congresso, que aconteceu entre 9 e 11 de outubro, e que teve como preparação as assembléias
continentais de mulheres e jovens camponeses, foi um espaço que permitiu fazer um balanço dos
últimos 10 anos de luta e mobilização da CLOC. Ao mesmo tempo, foi um momento para
debater os objetivos estratégicos da organização e definir uma agenda de luta e mobilização
social.

A declaração aprovada na plenária final, condenou mais uma vez, o modelo agroexportador
transnacional, que impoe o neoliberalismo e gera a monocultura, motor da latifúndio, que anula
as possibilidades de existência da pequena produção, gerando o empobrecimento da população
camponesa.

Frente a este modelo, a defesa da agricultura camponesa, da soberania alimentar, da bio-
diversidade e das sementes criolas e nativas, e o direito dos povos em produzir sua reforma
agrária, são aspectos chaves nas estratégias de luta camponesa.

O documento diz ainda que, para impor este modelo, está em curso um processo intenso de
militarização do campo e a criminalização das lutas sociais, que é justificado pelo combate ao
terrorismo e ao narcotráfico. Em diversos países, se instalaram bases militares estrangeiras que
atuam como pontas de lança para a concretizaçao dos projetos de controle territorial e planos
como o Puebla Panamá, Colombia e outros.

Estes aspectos também foram assinalados na sessão final pelo secretário operativo da Cloc, Juan
Tiney, que afirmou que a CLOC foi fortalecida por este IV Congresso e que todas as definições
devem ser assumidas pelas entidades em seus países e regiões. Esta tarefa nao pode ser
responsabilidade apenas da direção.

Itelvina Massioli, do MST do Brasil, afirmou que este Congresso, por seu debate e reflexão,
significou uma elevação da CLOC, já que ratificou os avanços e a acumulação do movimento
campones, nesta última década. "Se reafirmou os princípios capitalistas e de solidariedade entre
os povos, que sempre marcou a atuaçao da CLOC . O salto maior foi o debate da construção de
um projeto alternativo diante de um sistema de destruição da vida que impõe o neoliberalismo".

No Congresso ficou claro que, para enfrentar um inimigo global, como é o imperialimo, é
necessário fortalecer a luta em nível local, consolidar uma maior articulação com os setores
sociais e propiciar alianças estratégicas. Isso supõe superar as debilidades e dificuldades para
assumir os encaminhamentos estratégicos que foram identificados no evento.

A plataforma estratégica discutida no evento contempla um plano de mobilização e uma agenda
de luta que se deve continuar na Cúpula dos Povos, em Mar del Plata, em Hong Kong na reunião
da OMC, assim como no Fórum Meso Americano e Fórum Social em Caracas, no próximo ano.
"Estas tarefas que temos pela frente sao difíceis. Por isso, elas devem ser complementadas com
outros eixos estratégicos, como a formação política de nossos dirigentes e o trabalho na área da
comunicação", destacou Itelvina
As discussoes que surgiram nas assembléias de jovens e mulheres contribuíram para enriquecer e
fortalecer a luta da CLOC para os próximos anos que serão, sem dúvida, cenários de grandes
mobilizações e batalhas contra as políticas de livre comércio, que acabam com os direitos do
movimento indígena e campones.

A solidariedade com o povo e o governo cubano, assim como a Revoluçao Bolivariana da
Venezuela e suas ações para impulsionar a reforma agrária; a desmilitarizaçao do campo e a
retirada das bases estadunidenses, assim como a liberdade de dirigentes camponeses e lutadores
sociais, foram outras demandas do Congresso que foram aprovadas e agragadas em sua
declaraçao final.

O Congresso definiu também que a nova secretaria operativa será assumida pela regiao Caribe,
especificadamente pela Condeferaçao Nacional de Mulheres Camponesas (CONAMUCA), da
República Dominicana. (traducao: Cristiane Gomes)