Via Campesina mantém mobilizações no Nordeste e Santa Catarina

2005-05-25 00:00:00

A jornada de lutas em Defesa da Soberania do Povo Brasileiro, organizada pela Via Campesina da região sul, iniciada na segunda-feira continuam hoje e não tem dia para terminar. As mobilizações são organizadas pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Em Vitória da Conquista/BA, mais de 400 camponeses do MPA ocuparam nesta manhã a sede da Companhia de Eletricidade do estado da Bahia (Coelba). Os manifestantes reivindicam o acesso à energia elétrica para o meio rural. De acordo com dados do governo, na Bahia, 60% das famílias camponesas não possuem energia elétrica em suas residências. Também estão previstas para hoje manifestações em frente ao prédio da Caixa Econômica e do Banco do Nordeste.

Em Santa Catarina, a Via Campesina organiza hoje atos em Joaçaba contra a criminalização de militantes e reivindicam ainda baixas tarifas de energia elétrica. Os agricultores também doarão de sangue para o hemocentro da cidade. No final da tarde os agricultores se reúnem no Assentamento 30 de Outubro no município de Campos Novos. Ontem, agricultores e atingidos por barragens marcharam pela cidade de Concórdia e dois atos de protesto. O primeiro ato aconteceu em frente à agência do banco Bradesco, que permaneceu fechado.

O Bradesco, maior banco privado, obteve neste primeiro semestre do ano lucro de R$ 1,2 bilhões. De acordo com informações do MAB, o Bradesco é o segundo maior acionista das barragens, exerce poder sobre o grupo VBC (Votorantin, Bradesco, Camargo Correa) e a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), e cerca de 35 a 70% dos recursos investidos nas obras vem do BNDS.

Outro ato foi realizado em frente à sede da Sadia, onde os agricultores denunciaram a atual situação da agricultura camponesa e a farsa do agronegócio. A agricultura camponesa é responsável pela produção de quase 80% dos alimentos que vão para a mesa do povo brasileiro. No entanto, são os latifundiários que recebem uma grande fatia do crédito e ainda renegociam dívidas por 25 a 30 anos.

Mais de 900 pessoas de nove cidades do Piauí também estiveram mobilizadas nos últimos dias. Hoje pela manhã, os prefeitos dos municípios de Francisco Santos e Queimada Nova se recusaram a receber os agricultores que tinham audiências marcadas com os respectivos prefeitos. Já o prefeito de Itainópolis, ontem recebeu os manifestantes e prometeu ajudá-los.