Estudo comprova denúncias de exclusão social em Campos Novos/SC
No dia de ontem (17) a Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina/FATMA, apresentou o resultado prévio do estudo que averiguava as denúncias feitas pelo MAB de que muitas famílias foram excluídas dos seus direitos com a construção da barragem de Campos Novos. O estudo comprova que de 72 famílias já analisadas no município de Anita Garibaldi/SC, somente duas delas não são reconhecidas como atingidas. O MAB apresentou uma lista com 187 casos de exclusão.
A barragem de Campos Novos está sendo construída entre os municípios de Celso Ramos e Campos Novos, sob o Rio Canoas, em Santa Catarina e atingirá mais de 700 famílias. O consórcio responsável pela construção é a Enercan, formado pelas empresas CPFL, CBA, CEEE e CNT e Celesc. Até agora, com 95% das obras concluídas, muitas famílias atingidas ainda não são nem reconhecidos como tal pelas empresas. O estudo desenvolvido é resultado de uma negociação entre o MAB, Enercan, FATMA e Procuradoria Federal de Lages/SC. A negociação foi intermediada pelo procurador de Lages, Dr. Nazareno Jorgealém Wolff.
Mesmo com o resultado do estudo, o consórcio continua afirmando que endenizou todas famílias. É o que diz nota publicada pela Enercan no último dia 15 nos seguintes termos: "Nenhuma família que efetivamente foi atingida deixou de receber uma endenização justa, com o objetivo de deixá-la em condições melhores do que aquela em que se encontrava antes da chegada da usina".
A própria Fundação diz que desde os primeiros rumores a respeito da possibilidade de implantação de barragens, o cotidiano da população a ser afetada sofre conflitos no sentido de futuras mudanças, pois a implantação de uma usina hidrelétrica causa várias transformações e impactos, gerando apreensão e ansiedade na população. Em entrevista ao MAB, o procurador Nazareno Jorgealém Wolff diz que o estudo da FATMA comprova que os dados da Enercan não condizem com a realidade.
Dom Orlando Dotti, bispo emérito da diocese da Vacaria, afirma que as hidrelétricas, antes de serem usinas para produção de energia, são usinas para produção de excluídos. E além de produzirem excluídos, os criminalizam, como está acontecendo com seis atingidos por esta mesma barragem que estão presos em Joaçaba/SC, desde o último dia 12. Eles foram levados de suas casas durante a madrugada a mando da juíza Adriana Lisboa. "Estes companheiros estão na cadeia por perseguição ao MAB, as empresas não admitem que façamos mobilizações e lutemos pelos nossos direitos, então mandam nos prender", desabafa André Sartori, liderança do Movimento na região.