Brasil: Ditadura contra a população atingida por barragens

2005-03-11 00:00:00

Ditadura contra a população atingida por barragens em minas gerais

O Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB vem a público manifestar seu repúdio ao que aconteceu em Rio Casca/MG. No início da noite de ontem (8), a empresa responsável pela construção da Pequena Central Hidrelétrica Jurumirim, Companhia Força e Luz Cataguase Leopoldina e a Fundação Estadual de Meio Ambiente - FEAM, organizaram uma audiência pública no município, para às 18 horas, a fim de liberar a concessão de licença prévia para a construção da barragem.

Como os atingidos pela obra não foram avisados da realização da audiência, organizada propositalmente para este horário, em torno de 120 pessoas ligadas ao MAB se mobilizaram para pedir o adiamento da audiência a fim de que a população também participasse dos debates.

Para garantir a realização da audiência, policiais militares agrediram violentamente os manifestantes e deixaram mais de 20 pessoas gravemente feridas, entre elas seis mulheres, duas delas estavam grávidas. Jovens e idosos também foram agredidos. Foram levados para a delegacia o Padre Antonio Claret, Joaquim Bernardo, Marta Caetana, Juliana Teixeira e José Vicente. As lideranças ficaram presas até a madrugada e os feridos encaminhados ao hospital. A polícia não permitiu que os feridos fizessem o laudo ou dessem queixa na delegacia do município. A empresa responsável pela obra e a FEAM ignoraram o conflito e realizaram arbitrariamente a audiência. No Estudo de Impacto Ambiental, são reconhecidas apenas 141 famílias como atingidas. Mas só em uma das comunidades, localizada abaixo do muro da barragem, são 170 famílias, na sua grande maioria de meeiros, colonos e diaristas. Ao todo são mais de 500 famílias atingidas diretamente pela PCH Jurumirim.

O Movimento dos Atingidos por Barragens vem a público manifestar seu repúdio e denunciar fatos como este que violam a vida e a dignidade das pessoas. Dizemos que é necessário dar um basta a fatos como o Massacre de Felisburgo e de Unaí e o assassinato da Ir. Dorothy Stang, ocorridos neste último período.

Denunciamos também que o governo do estado de Minas Gerais é cúmplice do que está acontecendo, pois com a polícia militar e com o órgão ambiental do estado intimidam os atingidos e facilitam a ação das empresas que exploram os rios, a água e as pessoas. O que ocorreu ontem em Rio Casca não é isolado, há tempos lideranças dos atingidos pela barragem de Candonga, também em Minas Gerais, estão sendo perseguidas e em maio do ano passado a polícia acionou o despejo das famílias da comunidade de São Sebastião do Soberbo e fez a destruição das casas.

O MAB vai continuar e intensificar sua luta e não é a ação violenta da polícia, a conivência dos governos e o tratamento das empresas que vai intimidar a organização do povo em todo o país. Chega de ditadura contra as populações atingidas por barragens.

"ÁGUAS PARA A VIDA, NÃO PARA A MORTE!"

09 de março de 2005

Fone: 61.242.8535

Direção Nacional do MAB