Nilmário Miranda: em Anapu

Brasil: Grileiros formaram poder paralelo

2005-03-09 00:00:00

Na tarde de ontem (08), o ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, se reuniu com representantes do MST para tratar de assuntos relativos a conflitos agrários, principalmente o andamento do caso do assassinato da irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA).

Em frente ao edifício da Secretaria, cerca de 300 militantes Sem Terra e do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) protestaram durante todo o dia com bandeiras, palavras de ordem, pedindo agilidade na Reforma Agrária e fim da violência no campo. A manifestação fez parte de uma série de ações realizadas pelo MST em todo o país no Dia Internacional da Mulher.

Anapu

Hoje (9) o Exército anunciou a retirada de 100 militares de Anapu. Na audiência, o ministro defendeu que os soldados saíssem da região, já que "as Forças Armadas não podem fazer papel de polícia". Nilmário Miranda acredita que as ações do Exército em casos de violência no campo devem ser temporárias. "Para prevenir esse tipo de crime, o Estado tem que estar presente. Acontece que em Anapu isso não acontece, não há polícia, juiz, Ministério Público etc. Então, os grileiros tomaram conta e formaram um poder paralelo". Ele anunciou, ainda, que vai ser enviada à região a chamada Força Nacional de Segurança. Ela é composta por mais de 400 agentes de elite da Polícia Militar, que vão atuar sob coordenação do Estado.

"É um caso que para nós está resolvido, no sentido de estar elucidado", disse o ministro. Ele defende que o processo seja federalizado, já que "a terra é da União, Dorothy era norte-americana naturalizada brasileira e o projeto de assentamento em que ela trabalhava era da União também". Nilmário Miranda afirmou que, se o mandante do crime, Viltalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, estiver no Brasil, "vai ser preso".