Privatização da água é contestada no FSM
A problemática da água é um dos principais temas do Fórum Social Mundial e na plenária sobre a Água e os Direitos Humanos, representantes de entidades e explanaram a situação da privatização em vários países. O resultado deste trabalho é uma plataforma de ação que será apresentado no próximo dia 30 para exame e aprovação dos envolvidos nesse processo. Maria Selva Ortiz, da Comissão Nacional em Defesa da Água e da Vida do Uruguai, falou que a água é um direito humano fundamental para a vida e para a soberania dos povos. “é necessário construir uma nova consciência da água.
Ter consciência disso é saber do poder potencial que temos em mãos”, afirma Ortiz. Luis Fernando Novoa, membro da Rede Brasileira pela Integração dos Povos/Rebrip e um dos organizadores do debate, diz que a privatização da água no Brasil é estratégica para as empresas privadas e hoje ela vem na forma das Parcerias Público Privadas. As empresas estão se aproveitando disso para garantir mais poder sobre os mananciais com recursos e apoio do Estado: “As PPP's legitimam a intervenção das empresas privadas junto a um patrimônio que é público”, afirma. Representantes do Peru também denunciam que o processo de privatização é ilegal e imoral e o que o governo faz é impor e não dialogar com o povo peruano. Os dirigentes diziam que antes de qualquer concessão de exploração da água, o governo deve fazer uma consulta popular, mas não o faz por que sabe que o povo não aceitará.
Já os bolivianos dizem que travaram uma grande luta com a transnacional Suez que estava se apoderando da água de seu país – a empresa é uma das grandes construtoras de barragens no Brasil. Eles pedem o apoio incondicional de todos os povos do mundo para lutar contra a privatização das águas e dos rios, “dizemos para que ninguém se atreva a privatizar um dos nossos principais bens que é a água”, concluem. Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra do Brasil, diz que o importante no Fórum Social Mundial, é perceber que a política de privatização da água é a mesma em todo mundo e conduzida pelos mesmos agentes. “São as mesmas empresas transnacionais que estão interessadas no negócio da água no mundo inteiro e essa política já chegou no Brasil também”, diz .
Para ele, aqui a privatização se dá pelo uso da água, no meio urbano pelas PPP's, onde os serviço público poderão ser entregues nas mãos das empresas privadas de saneamento e no campo pela autorga de grandes volumes de águas para empresas usarem esse bem nos empreendimentos do agronegócio e do hidronegócio. Para encerrar, Malvezzi espera que a plataforma de ações intercontinentais sirva para fortalecer a luta contra a política global de privatização, “temos que garantir que a água continue sendo um bem público e de acesso universal a todos e já existem muitas iniciativas neste sentido”, conclui.