Encontro reúne mulheres para debater a soberania alimentar e energética
São quinhentas mulheres. Negras, brancas, indígenas, quilombolas, sem terra, agricultoras, sindicalistas, mães, solteiras, casadas, jovens, estudantes, idosas, lutadoras. Vieram de todas as regiões do Brasil, de 23 estados, de mais de 20 organizações, urbanas e rurais. Elas se reúnem em Belo Horizonte (MG), desde hoje (28/08) até o domingo, dia 31, no 1° Encontro Nacional de Mulheres em Luta por Soberania Alimentar e Energética.
“Queremos que as mulheres se apropriem do tema da energia. Precisamos construir uma visão crítica do modelo que temos e buscar uma alternativa a ele, a partir das nossas experiências, da nossa voz”, explica Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, organização que, junto com a Via Campesina, constrói o encontro.
Logo no começo, na mística de abertura, oito mulheres simbolizam no palco a diversidade de formas de trabalhar e de ser mulher em um mundo cercado por opressão. Violência. Desigualdade.
Violência que atinge uma mulher a cada 15 segundos no Brasil. Discriminação que tem raça, que exclui ainda mais as negras. Injustiça que impede as mulheres de serem responsáveis até por seu próprio corpo. Violências – físicas, psíquicas, econômicas – que derrubaram as mulheres que circulavam no palco.
Mas uma mulher canta. Canta a superação da injustiça, da indiferença, da dor. Uma mulher toca tambor. Outra mulher dança. Dança, com força e coragem, e levanta as outras, apontando a luta como única forma de superação - coletiva, altiva e alegre.
E essa será a dinâmica do encontro: compreender como está estruturado o modelo atual, tanto a matriz energética, quanto a organização da alimentação, do capitalismo e do patriarcado, para a partir daí levantar formas de superá-lo. Superar a partir das experiências, que serão trocadas e multiplicadas. Por fim, será construída uma carta política do encontro, apontando os novos caminhos.
“Estamos aqui dentro do contexto da luta popular, pela transformação. Queremos germinar aqui o Projeto Popular para o Brasil, com o olhar feminista”, resume Sarai Brixner, do Movimento dos Pequenos Agricultores.