Ministro da Educação recebe "mochila de reivindicações" do MST
O pequeno sem-terrinha pega o microfone, mira o ministro da Educação, Fernando Haddad, e diz: "senhor ministro, quero estudar no meu assentamento, porque a cidade é longe e lá não ensinam coisas do campo". A reivindicação foi uma das tantas feitas pelas crianças do MST ao ministro, que participou de um ato na Escola Itinerante Paulo Freire, no 5º Congresso do movimento.
Presenteado com a mochila utilizada pelas crianças sem-terra da escola que funcionou durante todos os dias do Congresso do MST, o ministro saiu com uma "mochila de reivindicações", como definiu uma educadora. São pedidos de melhorias na infra-estrutura das escolas e no transporte escolar, programas de capacitação de educadores e aumento de recursos para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), esta última também apresentada a Clarice dos Santos, coordenadora do programa vinculado ao Incra.
"A educação é uma prioridade do MST, e o exemplo é o convite feito a Haddad", explica Cristina Vargas, do setor de educação do movimento. "Podemos abrir mão de todas as lutas, menos a luta pela educação", completa João Pedro Stedile.
Lançada no ano passado, uma campanha nacional pretende alfabetizar milhares de trabalhadores de acampamentos e assentamentos do MST. O movimento cobra a atuação do MEC para desenvolver o programa. De acordo com Fernando Haddad, existe uma série de programas já desenvolvidos pelo ministério, que precisariam ser direcionados para as questões levantadas pelo movimento. "O que precisa é alinhas as expectativas do MST com as iniciativas desenvolvidas pelo ministério. Neste momento, não existe falta de recurso", afirma.
Ao final do encontro, Haddad se comprometeu a marcar, na próxima semana, uma reunião de trabalho com o setor de educação do MST.