Nanotecnologia é o próximo alvo das transnacionais

2006-03-24 00:00:00

A nanotecnologia é o mais novo perigo entre as tecnologias de ponta da indústria comercial. Baseada na medida métrica “nano”, consiste na manipulação da matéria viva e não-viva em um nível atômico, dividindo-a em um bilhão de vezes. A matéria fica tão pequena, que ultrapassa qualquer barreira física no mundo. Mais leve e mais resistente do que o aço.

No caso do ser humano, os efeitos são os mesmos. “As partículas nano passam pela pele, pela proteção do cérebro e a placenta. E nem sabemos os efeitos que causam no organismo”, relata a ambientalista brasileira Maria José Guazzelli. Atualmente, já existem produtos feitos a base da nano, como é o caso dos protetores solares, cremes para combater rugas e alguns tipos de asfalto.

Além da saúde, a agricultura é outra área que será fortemente abalada caso ocorra a expansão da tecnologia. A ativista mexicana Silvia Ribeiro, do Grupo ETC, afirma que a nanotecnologia permite entrar no genoma das plantas, onde estão suas características e propriedades e efetuar mudanças. Com isso, estão abertas as possibilidades de criar novos tipos de transgênicos e, até mesmo, de elementos artificiais até então não encontrados na biodiversidade do planeta. “Assim a matéria-prima natural cede lugar às sementes e elementos fabricados em laboratório, como os casos de alguns tipos de borracha e de algodão já criados”, afirma Ribeiro.

“O que pode acontecer é que as empresas se apropriem do que os agricultores produzem há milhares de anos. Ou seja, a dependência será total”, alerta Guazzelli.

Um caso verídico é o da transnacional de sementes Syngenta, uma das maiores fabricantes de medicamentos do mundo. Recentemente, a empresa tentou patentear uma parte do genoma do grão de arroz, que retirou por meio da técnica da nanotecnologia. O gene da semente é o mesmo de outros 40 cultivos, entre eles banana e milho.

“As empresas preferem patentear parte da semente do que ela inteira. Neste caso da Syngenta, se ela conseguisse a propriedade intelectual sobre o gene do arroz, teria automaticamente o mesmo direito sobre os outros 40 cultivos”, analisa.