Camponeses expõem malefícios do agronegócio

2006-03-22 00:00:00

Silvino não faleceu, ele continua vivo. É uma lembrança viva da luta
contra os químicos e este modelo agroexportador", salienta Petrona
Villasboa, camponesa do Paraguai. Silvino, seu filho, faleceu aos 11 anos
de idade por complicações decorrentes de agrotóxicos usados em uma
plantação de soja transgênica perto da propriedade da família. Os donos
da área era um empresário brasileiro e outro alemão, que tiveram que
pagar uma multa. No entanto, eles recorreram e criaram um impasse.
Outro caso parecido é da província de Córdoba, na Argentina. Sofia
Gatica, representante do grupo de Mães de Ituzaingó, um bairro rodeado
por plantações de soja transgênica, conta que muitos moradores do local
apresentam dores de cabeça e de estômago, problemas de visão e, até
mesmo, doenças como câncer e leucemia. Esses são sintomas e doenças
típicas de intoxicação provenientes de venenos.

Os moradores suspeitam que o sulfato e o DDT encontrados no rio que
atravessa as áreas de plantio e abastece a região venham do monocultivo.
"As empresas alegam que os agrotóxicos encontrados nos rios não são das
plantações de soja, onde afirmam que somente utilizam o glifosato. Isso é
mentira, eles também estão usando venenos como o sulfato e o DDT",
retruca Gatica.

As duas histórias mostram, mais uma vez, a falência do sistema agrícola
atual, baseado na exportação e na utilização de químicos. Darci Frigo,
advogado da entidade Terra de Direitos, analisa que o modelo adotado pelo
agronegócio mundial somente traz destruição e morte.

No caso do Brasil, Darci afirma que o sistema ganhou características
próprias, especializado em um único produto cultivado em grandes
extensões de terra, alta mecanização e pouca mão-de-obra empregada. Além
disso, o advogado cita a atuação da mídia nacional, que defende o modelo
agroexportador. "A grande mídia brasileira se associou ao agronegócio e
passou a defendê-lo como uma bandeira própria", argumenta.

Darci também critica os pontos positivos que atribuem ao agronegócio,
como o aumento do PIB (Produto Interno Bruto), o crescimento da
indústria, gerador de postos de trabalho no campo e distribuidor de renda
no campo.

"Os latifúndios no Brasil são propriedades com mais de 2 mil hectares e
empregam 350 mil pessoas. A agricultura familiar emprega 900 mil pessoas.
O agronegócio não é rentável como dizem", conclui.