Via Campesina defende proibção da Terminator
Transgênicos, terminator, monopólio das multinacionais, dependência econômica foram alguns dos temas apresentados durante a coletiva de imprensa concedida pela Via Campesina na tarde desta terça-feira (21/10), em Curitiba, no Paraná. Camponeses ligados à organização analisaram o contexto da COP-8 (8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica) e expuseram o que esperam dos governos nas decisões para defender os camponeses, que representam 25% da população mundial.
Na avaliação da Via Campesina, o ponto central da COP-8 é a queda da moratória contra experimentos, plantio e comercialização das sementes Terminator. Apesar de apenas os Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália defenderem o fim do veto, os camponeses temem o lobby destes países junto a governos dependentes.
Para o mexicano Alberto Gomez, da Unorca (Unico Nacional de Organizações Regionais dos Camponeses Autônomos), a subserviência de algumas nações mostra que os governos que adotaram práticas neoliberais durante a década de 90 acabaram se tornando reféns. "Muitos governos se tornaram administradores de seus pamses, permitindo que as multinacionais tomassem conta de suas economias. Agora, deixam que a COP-8 se transforme em um fórum de mercantilização da vida".
Os números mostram a devastação que a tecnologia Terminator causaria na agricultura. Atualmente, ha cerca de 1 milhão e 400 mil camponeses em todo o mundo sobrevivendo diretamente dos alimentos que produzem. Caso a tecnologia fosse regularizada, eles teriam que comprar a semente anualmente, a cada safra, aumentando em US$ 3 bilhões os custos da lavoura. Se algum produtor resistisse inicialmente à tecnologia, seu cultivo afetado e contaminado por genes transgênicos, uma vez que a Teerminator apresenta um alto poder de contaminação.
Por esses motivos é que a apicultura canadense Karen Pederson, integrante da NFU (Unico Nacional dos Camponeses, em portugujs), criticou as pesquisas realizadas para desenvolver a semente suicida. "Dizem que pesquisas são feitas somente em nome da ciência, o que é um equívoco. Os estudos precisam ter um objetivo pratico também. E não há como desenvolver algo para a nossa realidade de agricultor a partir de sementes que não se reproduzem", defende.
Como o Canadá faz pressão pela aprovação da Terminator, Pederson se insurge contra a posição do seu país de origem. "Pego ao mundo que crie uma aliança contra o meu país, o Canadá, e os seus amigos que querem liberar a Terminator".
Caso a Caso
Pelo fato de apenas quatro países defenderem a queda da moratsria, os camponeses avaliam que esses governos pressionarão para que a lógica do 'caso a caso' vire um documento e seja regularizado. Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná, relata que as multinacionais de sementes estão em peso na Conferência e se aliaram a estes países para repassar aos governos o poder de avaliar cada pedido de licenciamento de pesquisas experimentais com sementes Terminator.
Dependendo do impacto dos estudos, o país aprova ou não a realização dos experimentos. "A medida abriria a brecha para a disseminaçao das sementes suicidas", ressalta Baggio. O governo brasileiro divulgou que ira defender a manutenção da moratória contra as sementes suicidas.
Para ele, esta posto na Conferência de Curitiba o confronto de dois modelos de agricultura completamente diferentes. "Estamos trabalhando em um novo modelo de agricultura, porque plantar não é somente uma técnica, e sim uma forma de vida, de cultura. Ja o projeto neoliberal das multinacionais i de privatizar os recursos naturais, terminando com relação que temos com o meio ambiente e nos escravizar", defende.