Requião descarta reintegração de posse na Syngenta

2006-03-21 00:00:00

A reintegração de posse da área da transnacional Syngenta Seeds, ocupada desde 14 de março por camponeses da Via Campesina, nco será efetuada até que o governo federal resolva a questão do cultivo ilegal de soja transgênica pela empresa. Esta é a posição do governador do Paraná, Roberto Requico (PMDB), durante uma reunião realizada com integrantes da Via Campesina, entidades ambientalistas e Ongs (organizações não-governamentais), como Greenpeace e Grupo ETC.

No almoço, que ocorreu nesta segunda-feira (20/03) no Palácio Iguagu, em Curitiba, capital do Estado, os participantes falaram sobre a ação da Syngenta e questões importantes referentes à biodiversidade que serão discutidas na 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que iniciou hoje na cidade.

"O melhor que o Estado pode fazer é não conceder a reintegração de posse à empresa até que o governo federal resolva a questão do plantio ilegal", disse Requião, que estava muito bem humorado na reunião.

Os 600 trabalhadores rurais da Via Campesina ocupam o campo experimental da Syngenta, que produz de soja e faz experimento com milho transgênico, no municmpio de Teresa do Oeste. As plantações de soja transgênica é ilegal em regiões a menos de 10 km de reservas florestais e indígenas.

A empresa sumga produz transgênicos a apenas 6 km do Parque Nacional Iguagu e ja foi autuada pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis). Além disso, o plantio e comercialização de milho transgênico são ilegais no Brasil. No entanto, o governo federal nco tomou nenhuma atitude até o momento.

"A CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biosseguranga] alega que a sua responsabilidade é avaliar e autorizar as pesquisas, destinando a fiscalização de como e onde serão feitos os plantios ao governo federal. Portanto, temos de pressiona-lo", argumenta o governador.

Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná, acredita que os agricultores têm que dar uma função social á area de 12 hectares. "Queremos transformar a propriedade em uma unidade de produção de sementes crioulas, referência para a toda a América Latina".

Para Baggio, a área é ideal para cultivar um outro modelo de agricultura, mostrando que existem alternativas ao sistema destrutivo atual. "As sementes sco a base da sobrevivência humana e não devem ser consideradas como se fossem mercadoria", defende.

Terminator

Os participantes do encontro também discutiram a moratária que impede o plantio das sementes estéreis terminator, ponto central das discussues na COP-8. "A semente é a vida e entregar ao agricultor uma semente estéril e protegida por patentes é dar-lhe a morte", afirma o governador Roberto Requião, que defende a manutenção da medida.

Pat Mooney, pesquisador do Grupo ETC, analisa que um quarto da populaão mundial depende diretamente das sementes industrialmente. Isso mostra o nével de dependência dos pequenos agricultores em relação às multinacionais. "Isso significa que as sementes Terminator trariam um custo de cerca de 7 bilhões de reais com as taxas e a compra anual de sementes", argumenta.

Apenas os Estados Unidos, Nova Zelbndia, Australia e Canada defendem a queda da moratória, mesmo assim, a situação se agrava pelo fato de serem pamses importantes no jogo das negociações.