Transnacionais buscam domínio da cadeia alimentar

2006-03-20 00:00:00

As empresas de produção de sementes industrializadas ganharam força na
década de 50 com o objetivo de aumentar a produção de alimentos e acabar
com a fome no mundo. No entanto, as sementes criadas não apresentam
regularidade na produção e dependem de um grande uso de agrotóxicos.
Conclusão: apesar de todo o desenvolvimento tecnológico na agricultura,
cerca de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo.

Além disso, em diversos lugares do mundo os camponeses ficaram reféns das
sementes e insumos das grandes empresas, que buscam controlar cada vez
mais o mercado. Há 25 anos, 7 mil indústrias produziam sementes no
planeta. Atualmente, 10 empresas dominam metade do mercado. A Monsanto,
Syngenta e a Dupont controlam 30% do comércio.

Além da hegemonia na agricultura, esse tipo de produção exige insumos
específicos, monopolizando o mercado de agrotóxicos e herbicidas também.
"Eles criaram sementes que podem tolerar herbicidas e agrotóxicos das
outras empresas", afirmou a ativista Silvia Ribeiro, do grupo ETC.
Segundo ela, as empresas querem lucrar com a dependência dos
trabalhadores agrícolas.

A expansão do uso de transgênicos vai aumentar o controle das empresas
sobre os agricultores. Só a Monsanto, a maior produtora de sementes em
geral desde 2005, comercializa 88% das transgênicas. "Estão buscando o
monopólio de sementes industrializadas e transgênicas", advertiu Silvia.

Um dos mecanismos para garantir o monopólio é desestimular e impedir o
uso de sementes orgânicas pelos camponeses e a cobrança de royalties por
meio das patentes. "É um roubo de um patrimônio da humanidade criado
pelos agricultores", completou.

Além do controle das sementes, as empresas de processamento também são
monopólios, que se associam e controlam a cadeia produtiva. Por exemplo,
a Monsanto é proprietária de parte da Cargill. As transnacionais fazem
também parcerias com as grandes redes de supermercados, como o francês
Carrefour e o estadunidense Wall-Mart (o grupo com maior lucratividade do
mundo).

Dessa forma, os grupos monopolistas dominam desde a produção das
sementes, passando pelos insumos e o processamento, até chegar no
consumidor. Atualmente, o poder das transnacionais é tanto que, das 100
maiores economias do mundo, 51 são empresas e 49 países. A Coca-Cola, por
exemplo, é dona de 80% da água engarrafada do mundo. "As empresas
transnacionais vão decidir o que vamos comer", prevê Silvia.