Via Campesina exige o “contém” já
"Transgênico é veneno. Monsanto é assassina. Vocês estão na via, na Via Campesina". Foi assim que os mais de 1500 integrantes da Via Campesina receberam os delegados que participam da MOP3, no Parque ExpoTrade, na grande Curitiba (PR). Os movimentos sociais fizeram um corredor em frente ao parque, na avenida João Leopoldo Jacomel, empunhando bandeiras do MST, MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e da Via Campesina Internacional. “Queremos questionar a comercialização dos transgênicos e das sementes que estão cada vez mais controladas e patenteadas pelas multinacionais. Isso reflete na nossa soberania alimentar”, afirma Joceli Andrioli, da coordenação nacional do MAB.
O objetivo da manifestação é pressionar os países que participam da MOP 3 a incluírem no artigo 18.2 A – que trata da identificação dos transgênicos no comércio internacional – a terminologia “contém”, válida já a partir deste ano. Esta posição é contrária a do governo brasileiro, que estipula um prazo de quatro anos para a adaptação às novas regras. A maioria dos países que participa da MOP 3 é favorável à terminologia “contém” transgênicos. Já o Paraguai e o México mostraram-se desfavoráveis à proposta. A Nova Zelândia até agora não se manifestou. O país, juntamente com o Brasil, foi contra o “contém”, no ano passado, durante a conferência no Canadá.
Para os movimentos sociais, o prazo de quatro anos proposto pelo governo brasileiro será suficiente para que as empresas que desenvolvem pesquisas na área de organismos vivos modificados (OVM) se consolidem. A proposta da Via Campesina baseia-se na defesa das sementes crioulas, do conhecimento tradicional dos camponeses e nas pesquisas em agroecologia.