Camponeses mostram sua força nos eventos da ONU
Vindos diretamente do Parque Newton Freire, após uma marcha de 15 Km, mais de 1500 camponeses chegaram de forma pacífica a abertura da MOP 3, onde eram esperados por uma cavalaria da Polícia Militar e diversas viaturas.
Os pequenos agricultores, integrantes da Via Campesina, fizeram uma manifestação para que o governo brasileiro aceite a terminologia “contém transgênico” e determine a rotulagem dos produtos geneticamente modificados. Eles participaram dos eventos paralelos a MOP, promovidos pelo Fórum Global da Sociedade Civil, no estacionamento do parque Expotrade, em Curitiba (PR). Na pauta, o protocolo de biossegurança e suas conseqüências para a sociedade.
Via Campesina
O acampamento Terra livre de Transgênico, organização paralela aos eventos da Organização das Nações Unidas (Onu), também foi aberto com uma pauta que discute a biodiversidade sob a óptica dos camponeses. Participaram da abertura oficial representantes do Ministério das Minas e Energia, Ministério do Meio-ambiente, Casa Civil e do MST, CPT, MPA, entre outros movimentos sociais. Para o coordenador da Comissão Pastoral da Terra, Dionísio Vandressen, esta é uma oportunidade inédita de os pequenos agricultores discutirem questões ligadas ao meio-ambiente e relacionadas diretamente com o seu dia a dia. “Temos a função de pressionar para que a nossa biodiversidade seja preservada e o nosso modo de produção também”, afirmou.
Nesta primeira semana, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é o responsável pelas principais atividades do acampamento. O movimento promove uma série de debates sobre o tema água e energia. Segundo um dos coordenadores, Gilberto Cervinski, o objetivo é fazer um estudo aprofundado sobre o modelo energético brasileiro e as ameaças à soberania do país com o festival de privatizações que vem ocorrendo no setor. “O objetivo do MAB é mostrar à população a importância estratégica que o Brasil tem na atual conjuntura: em meio a uma crise de petróleo, aumentam por aqui as construções de barragens”.
Cervisnki cita como exemplo a venda da Eletrosul para a empresa multinacional Tractbel-Suez que herdou mais de 7 mil megawatts e atualmente é a maior geradora do país. As constantes privatizações provocaram mais de 70 mil desempregos nos últimos oito anos, segundo o coordenador do MAB. Apenas a Tractbel-Suez demitiu mais de 400 funcionários. “Queremos acabar com esta falácia de que a construção de barragens é sinônimo de emprego e desenvolvimento, pois a história tem mostrado justamente o contrário”, afirma Cervinski.
Conforme dados do MAB, há atualmente 1 milhão de pessoas atingidas por barragens, sendo que de cada 100, 70 não foram remuneradas por suas benfeitorias e terras alagadas pelas barragens.