Defesa e privatizacao da água se confrontam no México
Uma marcha com cerca de 20 mil pessoas, segundo seus organizadores, marcou nesta quinta-feira o início do Fórum Internacional em Defesa da Água, encontro de organizacoes sociais convocado como contraponto ao Fórum Mundial da Água, ambos na Cidade do México.
Movimentos sociais mexicanos, aglutinados na Coalizão de Organizacoes Mexicanas para o Directo à Água (COMDA) e na Assembléia Nacional em Defesa da Terra e da Água, ao lado de entidades ambientalistas do mundo inteiro, estao reunidos na capital mexicana para denunciar que o forum oficial, que tem aparencias de encontro da Organização das Nações Unidades, é na verdade um espaco de articulação das grandes empresas, dos organismos multilaterais e dos governos que se submetem às políticas de mercantilização da água.
"A água, tema fundamental que une os povos do mundo, deve ser considerada um directo natural. Quem nao entende isso sao os novos conquistadores, que querem se apoderar dos recursos naturais, apoiados pelo FMI e pelo Banco Mundial", afirmou Aurora Domingos, da COMDA. Na abertura do encontro paralelo, a militante denunciou que o Fórum Mundial da Água impede a participacao do povo. Para articipar do encontro, cada delegado teve de pagar 600 dólares. "O Fórum Mundial da Água nao nos representa e nao pode falar em nome dos povos", completou.
O grande circo
No distante e luxuoso Centro de Eventos Banamex, cerca de 130 ministros de Estado e outras 10 mil pessoas discutem o tema da água para o desenvolvimento das nacoes, temerosos em defender públicamente a gestão privada sobre a água. Na abertura do IV FMA, o presidente do Conselho Mundial da Água (CMA), Loïch Fauchon, afirmou que a decisao sobre a gestao publica ou privada dos recursos hidricos deve ficar com a sociedade. "A boa gestao da água requer uma autoridade publica que que conserve o poder de estabelecer tarifas e determinar os investimentos. E a coletividade local poderá escolher gestores públicos ou privados", afirmou.
Para as entidades presentes ao Forum Internacional em Defesa da Água, a posição do presidente do CMA é uma resposta ao avanco do movimento sosicial de resistencia à privatizacao do recurso. No entanto, o encontro oficial, que acaba no dia 22, está sendo qualificado, pelo diário La Jornada, como um "grande circo" e um "grande negócio".
Por outra parte, as organizacoes sociais do encontro paralelo preparam novas mobilizacoes para reafirmar a defesa da água. No dia 22, Dia Internacional da Água, haverá um ato político que deve reunir milhares de pessoas no Monumento à Revoulacao. Além do Forum em Defesa da Agua, ocorre paralelamente ao encontro oficial um acampamento da Assembleia em Defesa da Terra e da Agua, um tribunal que está julgando as grandes transnacionais por contaminação e exploração ilegal da água, além de atividades culturais. "A palavra "diálogo" não pode expressar o que está ocorrendo entre o nosso forum e o oficial", resume Santiago Arconada, das "mesas técnicas" sobre água do governo venezuelano.