Não estamos orgulhosos
Entrevista com Ingeborg Tangeraas, NBS (Norwegian Farmers and Smallholders Union – União Noruega de Camponeses e Pequenos Agricultores)
- O povo noruega conhece a empresa brasileira Aracruz que produz celulose?
Sim, porque um dos responsáveis da Aracruz é um noruego que mora no Brasil, Erling Lorentzen. A esposa dele é irmã do rei de Noruega, o que se pode chamar uma relação um pouco conflituosa. Também tem capital noruega dentro da Aracruz.
- Que opinão tem na Noruega sobre a Aracruz?
A Aracruz foi atacada muito forte por parte da União dos Camponeses, por parte da FIAN e por parte de organizações ambientais. Os ataques já vêm de vários anos. Se sabe dos conflitos que a Aracruz criou com o povo indígena, e que a Aracruz está perjudicando o meio ambiente, bem como que o monocultivo não é sustentável.
- E o povo?
A maioria é contra a Aracruz. Poderiamos ficar orgulhosos porque é um noruego que tem éxito no exterior e ganha muito dinheiro, mas nada disso. Não estamos orgulhosos. O fato do que a Aracraz está roubando ou ocupando território de indígenas criou uma reação forte no povo.
Em Noruega tem muita floresta, como também na Suécia e Finlándia, os dois paises que formam junto com a Noruega a Scandinávia no Norte da Europa e onde foi fundido a empresa Stora Enso que também produz celulose no Brasil. Porque não produzem a celulose lá?
Para poder usar a madeira das árvores nativas da Scandinávia, precisa deixar crescer entre 10 e 30 anos. Em vez disso, o eucalipto já pode ser usado depois de 7 anos. E é muito mais barato produzir no Brasil, a mão-de-obra sendo mais barata.