Reforma Agrária é instrumento para enfrentar a pobreza

2006-03-09 00:00:00

Com o avanço do neoliberalismo nos últimos 15 anos, os governos deixaram de pautar a questão agrária. O foco de interesse passou a ser o controle do comércio e dos serviços relacionados com a agricultura. A análise é de João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do Brasil.

Para Stédile, com a expansão do agronegócio - latifúndio monocultor que produz para exportação, os movimentos sociais que lutam pela terra vêm travando duros embates com os governos. “Foram adotadas duas táticas: a implementação de uma política de compra de terra à vista dos fazendeiros e venda pelo banco aos camponeses, em uma tentativa de não prejudicar os latifundiários; e a difusão da visão da reforma agrária como medida de compensação social”. A primeira estratégia faz parte da política defendida pelo Banco Mundial, que orienta parte dos debates na II Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural.

“Os movimentos camponeses olham a reforma agrária como um meio mais amplo de enfrentar a pobreza e a desigualdade social no campo. Uma verdadeira reforma agrária tem que estar ligada com um novo modelo de produção, que priorize os alimentos para o mercado interno”, afirmou. Os movimentos sociais reunidos em Porto Alegre (RS) defendem uma forma de produção que garanta alimentos saudáveis, se veneno.

“Nos últimos 15 anos descobrimos que a reforma agraria é também a democratização da educação e cultura. Ou seja, é uma forma de defesa do modo de vida no meio rural, que garanta uma sociedade mais justa, sem pobreza e exploração”, concluiu.