Neoliberal policies increase the flow of migrations, according to Fausto Torrez

2006-03-08 00:00:00

As políticas neoliberais adotadas pelos governos latino-americanos e da região do Caribe aumentaram o fluxo de migrações em todo o mundo. Essa é a avaliação do líder camponês hondurenho Fausto Torrez durante o Fórum Terra, Território e Dignidade, que acontece em Porto Alegre (RS), Brasil.

O integrante da Via Campesina Internacional analisa que os fluxos migratórios são processos históricos e naturais, já que o ser humano, desde o início da civilização, mudava de um local para outro à procura de alimentos. No entanto, Torrez aponta que nos últimos 15 anos, com o avanço de governos neoliberais no continente americano, as migrações se expandiram. "Não devemos punir as migrações, porque elas não são um caso de polícia e nem de leis fracas. São uma questão social", defende.

Atualmente, os fluxos migratórios constituem um processo mais complexo, em que a pobreza, a dificuldade de sobreviver no local de origem e as guerras fazem com que povos inteiros abandonem suas casas e suas culturas. "A causa da migração é produto de uma crise no país, por isso, precisam ser desenvolvidas condições para que a população não migre", argumenta.
Conseqüências – Para Fausto Torrez, a perda dos padrões culturais de um povo, o empobrecimento da população e o aumento do trabalho ilegal - o que acaba provocando reações racistas e xenófobas nos países receptores de migrantes - são as conseqüências mais graves desse processo. "Os migrantes geralmente acabam trabalhando, nos países de destino, em regime de escravidão. Não possuem bons salários e nem seguridade social", relata.

Os fluxos migratórios são, em sua maioria, do campo para a cidade, no sentido do Sul para o Norte. Dessa maneira, Torrez relata que habitantes da América do Sul dirigem-se para os países do Caribe, com exceção dos latino-americanos, que seguem para a Espanha. Habitantes das nações do leste europeu, que pertenciam ao bloco da União Soviética até a década de 80, vão para a Europa mais central e à Ásia.

Já a Espanha e o México são considerados como países de trânsito devido à alta rotatividade de migrantes. "Esses dois países são o símbolo do fracasso das políticas neoliberais" afirma o camponês.