Via Campesina "ocupa" Conferência da FAO

2006-03-08 00:00:00

Aos gritos de "Reforma agrária, urgente e necessária", militantes da Via Campesina, do MST e do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Urbanas, que haviam acabado de participar de uma marcha pelas ruas de Porto Alegre, conseguiram no final da manhã desta quarta-feira (8) adentrar no pavilhão de eventos da PUC-RS, onde acontece a II Conferência sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da FAO.

A entrada, liberada para um comissão de 60 manifestantes, teve de ser negociada por organizadores da conferência com a direção da PUC e com a Brigada Militar, que tentou bloquear a entrada dos manifestantes no pavilhão. Antes do acordo, houve cenas de violência e mulheres chegaram a ser agredidas.

A comissão seguiu para a plenária da conferência, onde duas militantes da Via Campesina fizeram a leitura de um manifesto do grupo para as delegações dos mais de 80 países que participam da conferência. Houve muitos aplausos.

Antes de chegarem à PUC, cerca de 2 mil mulheres da Via Campesina ocuparam na madrugada o hortoflorestal da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (RS). A mobilização tem o objetivo de denunciar as conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos. A Fazenda Barba Negra concentra a principal unidade de produção de mudas de eucalipto e pínus da Aracruz.

A mobilização das mulheres da Via Campesina marca o Dia Internacional da Mulher. "Neste 8 de março, nos solidarizamos com as mulheres camponesas e com as trabalhadoras urbanas de todo o mundo, que sofrem com as várias formas de violência impostas por esta sociedade capitalista e patriarcal", diz o manifesto.