Visita de comissão internacional

Camponeses fazem protesto

2006-03-08 00:00:00

Trabalhadores rurais Sem Terra e camponeses da África, Américas, Ásia e Europa protestaram, na manhã desta terça-feira, contra a lentidão da reforma agrária e as políticas financeiras internacionais. A manifestação ocorreu em frente à Fazenda Guerra, que é ocupada por dois mil sem terra desde o dia 28 de fevereiro, no município de Coqueiros do Sul, no Rio Grande do Sul.

Na ocasião, a Comissão Internacional de Reforma Agrária, da qual a Via Campesina é membro, foi visitar a propriedade de 7 mil hectares. Ao chegar no local, os integrantes receberam o aviso de que não poderiam entrar na Fazenda devido a um mandado judicial.

Os Sem Terra que estão acampados se juntaram à Comissão no lado de fora ao longo da estrada, onde realizaram um ato com discursos de camponeses paraguaios, sul coreanos e venezuelanos. Em uma ação simbólica, a Via Campesina brasileira entregou bandeiras aos visitantes e uma foice ao camponês da Venezuela, significando a luta dos agricultores de todo o continente em nome de uma sociedade com mais igualdade. Após o ato, os representantes internacionais vistoriaram a área, opondo-se à decisão da Justiça.

Para Edenir Valssoler, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a visita da Comissão em Coqueiros do Sul fortalece ainda mais a luta pela reforma agrária em todo o mundo. "Essa visita significa muito porque a luta pela reforma agrária, por uma vida mais digna às pessoas, não é somente no Brasil, é em todo o mundo. É importante porque os ricos também estão se organizando em nível mundial", defende.

Os camponeses, que receberam a ordem de despejo da Fazenda Guerra no sábado passado, afirmam que não irão sair do local até que o governo assente todas as famílias. "A responsabilidade, por estarmos aqui, é dos governos estadual e federal, que não fazem a reforma agrária", reclama Valssoler. A propriedade abrange os municípios de Coqueiros do Sul, Carazinho e Pontão, e já foi ocupada três vezes pelo MST. Felix Tubino Guerra, proprietária da área, tem um histórico de dívidas bancárias e de descumprimento da legislação trabalhista.

O Plano Nacional de Reforma Agrária do governo federal previa o assentamento de 15 mil famílias no Rio Grande do Sul até 2006. Nos últimos três anos, apenas 220 famílias foram assentadas em novas áreas no Estado.