Apesar do fim da segregação racial, negros ainda não recuperaram suas terras na África do Sul
O apartheid, regime de segregação racial que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1990, atingiu todas as esferas da vida pública. Os negros, oprimidos por uma minoria branca, eram proibidos de votar, de escolher seus empregos e morar em determinadas áreas residenciais. No campo, não tinham o direito de serem proprietários e tiveram seus bens tomados
Apesar de encerrrado há mais de 15 anos, até hoje os negros não recuperaram suas terras. "Quando começamos a votar e eleger nossos representantes, percebemos não havia mudança", afirmou Mangaliso Kubheka, do Movimento dos Sem Terra da África do Sul.
Segundo o camponês, o movimento foi fundado em 2001, após a eleição de dois presidentes que se comprometeram com a causa dos trabalhadores rurais, mas não colocaram nenhuma proposta em prática.
A reivindicação central é a compensação do governo pela perda das terras. Para colocar o assunto em pauta na sociedade, os camponeses acampam em áreas que antes eram suas e exigem a recuperação das casas. As ocupações também pedem por áreas para o plantio.
A a perseguição política também é outro resquício do período de opressão. Kubheka já sofreu atentados e ameaças por fazendeiros locais. Outros integrantes da organização foram presos e torturados. "Trata-se ainda de uma questão de racismo", concluiu Kubheka. Os negros são hoje aproximadamente 85% da população.