Reforma Agrária do Banco Mundial leva camponeses à pobreza
"É inaceitável a ingerência que o Banco Mundial promove para exercer programas de política agrária em nossos países, cujas conseqüências são a liberação dos mercados e a extensão dos planos de ajuste estrutural, o que têm nos levado à extrema pobreza. Esse cenário gera a mercantilização dos serviços básicos e da terra, da água e da biodiversidade, diminuindo o papel do Estado deixam esse controle em mãos da oligarquia financeira".
Essa é posição defendida nesta segunda no Fórum Terra, Território e Dignidade por Fausto Tórres, de Nicaragua.
Ele é dirigente da Campanha Global pela Reforma Agrária da Via Campesina, que se contrapõe à reforma agrária de mercado vendida e implementada pelo Banco Mundial em vários países de todos os continentes. A organização defende o princípio da propriedade social da terra, onde se faça uma democratização da estrutura agrária e os povos tenham sua soberania alimentar garantida.
Implementada pelo Banco Mundial em cerca de 30 países em desenvolvimento, a política tem como um lema de ''aliviar a pobreza rural''. Os resultados de diversas pesquisas e experiências em nações como Colômbia, Brasil, África do Sul, Guatemala e Tailândia, mostram seus problemas e demonstram que o projeto não alivia a pobreza e ainda endivida os camponeses.
Segundo o estudo realizado pela Rede de Pesquisa Popular, constituída pelas organizações da Via Campesina, os projetos agrários do Banco Mundial beneficiam os grandes proprietários de terras, que são pagos por deter áreas mantidas improdutivas, consideradas reserva de valor. A iniciativa viola a Constituição Federal, que determina a desapropriação de terras improdutivas.