Coreanos resistem contra despejos em suas terras
“Não sei o que pode acontecer com a minha família neste momento”, afirmou o sul coreano Dopehead Zo ao olhar para o relógio e ver que naquele momento seus pais poderiam estar sendo despejados. O camponês faz parte do Comitê dos Residentes de Pyeongtaek e luta para não perder suas terras. Todas as noites, há 550 dias, ele acende uma vela na escola local junto com as outras duas mil pessoas que moram na área. “Só queremos poder morrer aqui”, disse.
A remoção, forçada pelo governo da Coréia do Sul, será realizada para ampliar uma base militar dos Estados Unidos. Segundo Zo, o local é estratégico pois permite locomoção de tropas rapidamente para a Coréia do Norte e a China, em eventuais ataques.
Os camponeses têm um histórico de migrações forçadas: durante a ocupação japonesa, que terminou em 1943, foram expulsos de sua terra para a construção da base militar. Mais tarde, com o fim da guerra da Coréia em 1953, tiveram que ser removidos para uma área mais longe do território militar. Nessa época, os Estados Unidos começaram a controlar o local.
Sem ter qualquer tipo de reparação, os camponeses rumaram para o litoral. Pobres e famintos, desenvolveram uma técnica para transformar pântanos em terras agricultáveis para plantação de arroz. “È por isso que essa área significa tanto para nós”, colocou Zo. O camponês acredita que depois do ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, o local se tornou mais importante ainda para os Estados Unidos e por isso exigem sua ampliação imediata.
Em 2005, o governo sul coreano tomou iniciativas legais para desapropriar as terras. A partir desse fato, os trabalhadores rurais ampliaram sua mobilização mas não conseguiram evitar que a área fosse transferida para o governo. Para chamar a atenção da sociedade, organizaram uma romaria com seis tratores.Viajaram mais de 1.200 quilômetros explicando para a população a importância de sua luta.
Em 17 de março prepararam uma nova mobilização nacional, com mais de 700 tratores. A data celebra o início do plantio e centenas de voluntários devem colaborar. “Esperamos que o governo acabe com as terras agricultáveis com grandes pedras. Mas estamos preparados para resistir.Estou muito preocupado porque todos estão em alerta vermelho. Sabemos que os Estados Unidos vão fazer tudo o que é necessário para manter sua hegemonia no norte da Ásia”, concluiu.