Com pressão dos Estados Unidos, reforma agrária piorou situação no Irã
"No Irã, a reforma agrária não teve êxito. Ao contrário, as coisas pioraram". Essa é a avaliação do iraniano Sayyaad Soltani, chefe da organização de camponeses nômades Kuhi Sub-Tribe of the Qashqai Nomadic Pastoral People. Ele relata que a reforma agrária foi realizada no país em 1962 por interesses políticos do aiatolá Shah, que governava o país naquela época. "O regime iraniano era pressionado pelos Estados Unidos para modernizar e industrializar o país. Os pastores e camponeses foram transformados em trabalhadores urbanos" conta.
O êxodo rural provocado por esse processo destruiu o sistema tradicional de negociar a terra. A organização comunitária dos pastores, que criavam ovelhas, foi perdida e o controle sobre os recursos naturais passou para as mãos do governo. "Durante a reforma agrária, a nossa terra foi roubada e a estrutura social destruída. A nossa organização tenta reconstruir essa estrutura, porque os nômades são as pessoas mais interessadas em conservar os recursos naturais", defende o camponês.
O objetivo de Sayyaad, agora, é conseguir se unir a outros movimentos camponeses a fim de conseguir criar uma resistência ao modelo neoliberal em seu país e no mundo em geral. "Temos que encontrar uma solução própria para o Irã. Para isso, queremos compartilhar experiências e unir forças com outros movimentos no mundo, diferentes das forças globalizadas que criaram o desastre no campo".