Fórum paralelo reúne movimentos sociais por uma outra reforma agrária

2006-03-06 00:00:00

Representantes governamentais de todo o mundo estarão reunidos em Porto Alegre (RS) nessa semana para discutir o acesso à terra e o futuro das mais de 900 milhões de pessoas que vivem no campo. Trata-se de 75% da população pobre do mundo, entre trabalhadores rurais, sem-terra, pescadores e indígenas. Afetados diretamente pelos modelos de reforma agrária colocados em pauta durante a Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da FAO, eles também se reúnem na capital gaúcha para colocar as suas propostas e incidir sobre o rumo de suas vidas.

O Fórum Terra, Território e Dignidade acontece simultaneamente à Conferência Internacional, entre 06 e 09 de março, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e reunirá centenas de representantes de movimentos sociais de todos os continentes. Para eles, será uma oportunidade única de colocar em xeque o modelo agrícola dominante hoje e apresentar princípios e recomendações sobre como deve ser uma nova reforma agrária genuína e integral, baseada na soberania alimentar e nos direitos humanos.

Entre os temas em debate estão a denúncia das políticas excludentes exercidas pelos governos e o agronegócio, assim como a entrada das empresas multinacionais nos países pobres e a privatização de bens naturais da humanidade como a terra, biodiversidade e a água.

Organização e debates

O Comitê Internacional de Planejamento de ONGs/OSC para a Soberania Alimentar (CIP) é o principal articulardor do Fórum paralelo. O CIP reúne organizações sociais com longa trajetória na defesa da soberania alimentar dos povos.
O espaço do Fórum será indendepente e auto-organizado. Durante os dias, serão formados grupos de trabalho sobre cada um dos eixos temáticos abaixo, que terão discussões e um relatório final a ser apresentado à Conferência inter-governamental. À noite, ocorrem plenárias que serão abertas para discutir os mesmos temas, que são:

1. Princípios e recomendações para uma nova reforma agrária, genuína e integral, baseada na Soberania Alimentar e nos Direitos Humanos.

2. Os conceitos de Terra versus Território.

3. Estratégias e táticas de ocupação, recuperação e/ou defesa da terra, territórios, bosques, rios, mares e recursos pesqueiros, moradia, etc.

4. As perspectivas de gênero, generacional e da juventude na luta por e na defesa da terra e do território e dos recursos naturais.

5. Resistência à privatização, contra reforma-agrária e políticas neoliberais de terra e acesso a recursos do Banco Mundial, governos e outros atores.

6. Resistência ao modelo dominante de produção e desenvolvimento.

7. Resistência à repressão, a militarização, as ocupações militares, a “guerra contra o terrorismo” e a criminalização dos movimentos sociais.