FAO discute reforma agrária em Porto Alegre
Via Campesina organiza atividade paralela para acompanhar discussões oficiais e monta acampamento com dois mil trabalhadores
Depois de um período de quase 30 anos, o órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) volta a discutir a reforma agrária em nível internacional. A II Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (Ciradr) acontece no Brasil, em Porto Alegre, de 7 a 10 de março, no Centro de Estudos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com a participação governos de países ligados à ONU.
A FAO é a sigla em inglês para o órgão da ONU para a Agricultura e Alimentação. O primeiro presidente foi o geógrafo brasileiro Josué de Castro, que dedicou sua vida ao combate da fome e ao latifúndio.
Paralelamente à atividade oficial, acontece o fórum "Terra, Trabalho e Dignidade", formado por mais de 30 entidades da sociedade civil, como ONGs e movimentos sociais, entre 6 a 9 de março, também na PUCRS. Cerca de 400 pessoas vão acompanhar como observadores o debate da FAO e discutir temas como as políticas do Banco Mundial, reforma agrária de mercado, soberania alimentar e a criminalização dos movimentos sociais.
A Via Campesina, entidade internacional formada por organizações de camponeses, também promove atividades e vai montar um acampamento com mais de dois mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, em Porto Alegre, entre 6 e 10 de março. O acampamento reunirá trabalhadores sem-terra, pequenos agricultores, jovens e mulheres camponesas e atingidos por barragens (principalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), que farão um contraponto aos debates promovidos na conferência oficial.
Entre as iniciativas da Via Campesina Brasil, estão atividades na capital gaúcha contra as políticas do Banco Mundial para a agricultura e pelo cumprimento dos compromissos do governo federal, previstos no II Plano Nacional de Reforma Agrária e no acordo firmado depois da Marcha Nacional pela Reforma Agrária. Os acampados vão participar também de um seminário sobre Reforma Agrária, Soberania Alimentar e políticas de organismos internacionais para a agricultura.
Debate de idéias
O conjunto de atividades deve colocar em discussão os modelos de reforma agrária propostos por organismo internacionais, governos e movimentos sociais. Outro ponto de crítica dos movimentos sociais é a influência de agências, como o Banco Mundial, nas políticas agrícolas, incentivando os países pobres a optarem pela mercantilização da terra. "O Banco Mundial defende tirar toda a questão social da reforma agrária e transformar numa questão de mercado, em mercadoria. Só quem tiver dinheiro vai ter acesso", afirma Cedenir de Oliveira, da coordenação do MST no Rio Grande do Sul.
O período deve ser marcado também por grandes mobilizações de camponesas no período coincide com o 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Igor Felippe Santos
Assessoria de imprensa do MST
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