Solidariedade e cooperação fazem parte de uma outra integração da América
“As alternativas para uma integração mais justa devem ser buscadas e encontradas dentro dos nossos países e não fora deles”, afirmou Blanca Choncoso, da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), no painel sobre as alternativas para um integração contra hegemônica para a América realizada na III Cúpula dos Povos, em Mar del Plata. Os participantes do espaço concluíram que não existe uma fórmula pronta que articule todas as nações, mas listaram as características que deveriam constituir essa integração.
Blanca listou o intercambio entre as diferentes culturas, a ajuda mútua e a coletividade como elementos essenciais para unir os povos. “Não se trata de competir pelo capital, mas sim pela vida”, comentou. Para ela, a construção da Alba (Alternativa Bolivariana para a América), que é a proposta de integração mais concreta existente até o momento, deve partir das necessidades da população de cada país. Dessa maneira, Blanca questionou a participação da maioria dos governantes americanos na IV Cúpula das Américas, que inicia amanhã (4), também em Mar del Plata. “Se não estamos de acordo com a Alca [Area de Livre Comércio das Américas], os presidentes não deveriam se retirar da Cúpula?”, indaga.
Na opinião do economista cubano Osvaldo Martinez, as línguas e as realidades parecidas são elementos favoráveis para a articulação das nações, a qual não se dará sem que ocorra um enfrentamento com o projeto norte-americano de integração, a Alca. O economista salientou que a iniciativa americana não deve se pautar pelo crescimento econômico, voltando-se para o social e criando modelos alternativos. Um deles seria para substituir o petróleo, principal base energética mundial, e que atualmente está com os seus dias contados devido à extração exagerada do mineral. Outra área citada por Martinez foi a comunicação, afirmando que a Telesur (canal de TV da população americana, surgida na Venezuela) é um início, mas precisa ser melhorada. “A comunicação popular precisa ser desenvolvida como um canal de articulação”, ponderou.
Alberto Arroyo, integrante da Aliança Social Continental, destacou a importância dos movimentos sociais na construção de projetos de desenvolvimento social em cada país. “A Venezuela tem uma idéia muito clara de que regras quer jogar, com quem faz parcerias. É necessário que todas as nações tenham essa mesma certeza para que possamos caminhar junto”. Nesse processo de uma outra integração, a soberania nacional controlada pelo povo seria uma conseqüência natural.