Construção de um outro modelo econômico e transormação social são desafios da Marcha Mundial de Mulheres
Cerca de setenta mulheres de todo o continente elencaram os principais desafios que a organização tem de enfrentar nos próximos tempos. Durante a tarde de terça-feira (1) na III Cúpula dos Povos, em Mar del Plata, Argentina, a defesa do livre comércio, da soberania alimentar e da autodeterminação dos povos foram apontadas como as principais lutas gerais da Marcha.
Para as participantes do espaço, a dominação a que a mulher está submetida atualmente está relacionada a todas essas questões. “Quando se fortalece a dominação capitalista, a dominação sobre a mulher aumenta”, afirma Nalu Farias, da Marcha Mundial de Mulheres no Brasil. Segundo a integrante brasileira, o sistema neoliberal se utiliza do controle sobre a mulher por meio do desemprego e da pobreza para se sustentar. Nesse sentido, elas concluíram que é necessário encontrar um meio de sensibilizar, para a luta, as mulheres que sucumbiram aos “benefícios” econômicos que o capitalismo traz a uma minoria.
Sobre as questões mais específicas da Marcha, o combate à violência doméstica e ao assassinato das mulheres, chamado de “feminicídio”, estiveram entre os comentários. Leonor Aida Concha, da Rede Nacional de Gênero e Economia do México, ressaltou que 50% das mulheres mexicanas sofrem agressões físicas de seus companheiros dentro da própria casa. “Estamos muito entusiasmadas em continuar com as ações da Marcha no México, principalmente para combater a pobreza, construindo um modelo econômico que una os povos, e para mudar a relação cultural entre mulheres e homens a fim de construir a nossa cidadania”, argumentou Leonor. Para isso, estão formulando uma campanha de educação popular entre as mexicanas, abordando preceitos como igualdade e justiça. “Estes são os valores que queremos que constituam uma nova sociedade. Só que, para que isso aconteça, precisamos primeiro saber o que significam”, finaliza.
O futuro da Marcha também esteve em pauta. As participantes destacaram que se integrar a outros movimentos sociais é fundamental ao processo de transformação social. “Não queremos ser apenas parceiros, mas sim integrantes permanentes na organização popular”, destacou Nalu Farias. Com esse objetivo, a Marcha Mundial de Mulheres está ajudando a Via Campesina a organizar a Conferência Internacional de Soberania Familiar, que acontece em 2007, em local ainda nao definido.