Brasil: Consolida-se a luta contra a ALCA

2004-04-30 00:00:00

Representando vinte estados do Brasil, mais de 60 membros da
Campanha Brasileira contra a ALCA, estiveram reunidos na 13ª
Plenária Social Nacional da Campanha Jubileu Sul Brasil, nos dias
14 e 15 de abril. A Plenária tinha como objetivo analisar a
realidade, avaliar com está a luta contra a Alca e traçar um plano
de ações para a sua continuidade.

O modelo econômico continua o mesmo

Ao analisar a conjuntura brasileira, os participantes da plenária,
constataram que, infelizmente, o governo optou por reciclar o
atual modelo vigente no Brasil, em vez de romper com o mesmo. Um
modelo que aprofunda cada vez mais a nossa dependência externa, az
crescer ainda mais o desemprego e a pobreza e não pretende
enfrentar de vez os problemas de nosso povo. No ano de 2003,
enquanto foram utilizados apenas 70 bilhões de reais para as áreas
sociais, entre elas saúde, educação, segurança, assistência social
habitação e saneamento, para o pagamento das dívidas externa e
interna foram gastos 132 bilhões de reais. Por outro lado, é
inaceitável que, apesar de crescer o superávit primário, mesmo
assim continua-se a fazer cortes nos setores que atingem
diretamente o povo brasileiro.Tudo isto para tranqüilizar os
investidores e controlar a inflação às custas do sufoco imposto à
renda dos trabalhadores. Não é à toa que 33% da população
brasileira vive com menos de 79 reais mensais.

Cada vez mais, constata-se que, este modelo neoliberal é incapaz
de fazer reformas em favor do povo e o que é pior, não há nenhuma
perspectiva de mudança no rumo da política econômica. Acredita-se
que somente ocorrerão mudanças se o governo enfrentar uma séria
crise ou se os movimentos sociais pressionarem para que elas
aconteçam.

Seguimos avançando

Apesar desta constatação, avaliou-se que foram realizados
importantes avanços na luta contra a Alca. Cresceu o nível de
consciência antiimperialista; foram realizadas importantes
campanhas como os dois plebiscitos populares; foi construída, em
âmbito nacional e continental, uma ampla rede de movimentos
sociais e foram trazidos para a discussão temas que eram assuntos
apenas de técnicos e de burocratas do governo como dívida externa,
Alca e FMI. Mesmo assim permanecem grandes desafios, como a
necessidade urgente de mudar o atual modelo econômico e barrar a
Alca. O momento é oportuno para avançar na luta contra a Alca, já
que há um impasse nas negociações.

O mais importante, é que somente grandes mobilizações populares
poderão garantir mudanças. Para isto foi traçado um plano de ação
que entre outras iniciativas prevê para este ano:

- Manter o calendário de lutas já estabelecido e continuar
exigindo do governo a realização do plebiscito oficial sobre a
Alca em 3 de outubro e preparar uma grande manifestação quando da
realização, no Brasil, de reunião ministerial da Alca;

- Realizar grandes manifestações no dia 1º de maio e no dia 07 de
setembro, durante o 10º Grito dos Excluídos, que neste ano tem
como lema: "Brasil: mudança pra valer...o povo faz acontecer".

- Fazer grandes manifestações nos consulados e embaixada americana
na véspera da convenção do partido republicano que deverá indicar
George W. Bush como candidato a reeleição nos Estados Unidos. Pelo
perigo que ele representa para a humanidade, não podemos permitir
sua reeleição.

Tribunal sobre o Modelo Econômico

Os participantes da plenária foram unânimes em reconhecer que não
haverá transformações no Brasil sem mudar o atual modelo
econômico. Para isto decidiu-se organizar um Tribunal do Modelo
Econômico. Todas as grandes questões que o Brasil enfrenta estão
relacionadas com este modelo. Necessidade de superávit, juros
altos, lei de responsabilidade fiscal, privatizações, cortes no
orçamento para as questões sociais, etc.

Diante disto, a Campanha Jubileu Sul Brasil, organizará até o
final deste ano, um tribunal onde estará sendo julgado o atual
modelo econômico brasileiro.

Luiz Bassegio, da coordenação da Campanha Contra a ALCA e do
Grito dos Excluídos Continental.