ENFF: a construção de uma escola internacionalista no século 21
A Escola Nacional Florestan Fernandes é uma escola de formação de militantes populares, identificados com a causa da classe trabalhadora e com os ideais de uma sociedade socialista. Sob a coordenação do MST, a ENFF realiza cursos para a militância dos movimentos sociais brasileiros, de toda América Latina e de alguns países da África e Ásia. Seu nome, Florestan Fernandes, é uma homenagem a um dos maiores pensadores brasileiros, que tinha como princípio colocar os conhecimentos científicos a serviço da libertação da classe trabalhadora brasileira. Florestan, coerente com seus ideais, soube como poucos aliar, de forma dialética, a teoria e a militância política. E, isso expressa a síntese da vocação e do desafio, permanente, da Escola Nacional Florestan Fernandes!
Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo) foi inaugurada em 23 de janeiro de 2005 e foi construída entre os anos 2000 e 2004, graças ao trabalho voluntário de mais mil trabalhadores sem terra e simpatizantes. Os recursos para a sua construção foram obtidos com a venda de fotos de Sebastião Salgado e do livro Terra (fotos de Sebastião Salgado, texto de José Saramago e música de Chico Buarque) e mediante a contribuição de entidades da classe trabalhadora do Brasil, da América Latina e de várias partes do mundo.
Sua manutenção e funcionamento são assegurados pelo apoio e solidariedade nacional e internacional. A Escola mantém a decisão politica de não receber recursos governamentais, para manter a autonomia político-ideológica e construir sua sustentação financeira pela solidariedade e contribuições da classe trabalhadora.
Alguns cursos superiores e de pós-graduação são realizados em parceria com universidades públicas brasileiras, como tem ocorrido com a UNESP e a UnB.
A escola mantém dois cursos latino-americanos para estudantes de todo o continente e da Europa, dentro da perspectiva de fortalecimento da integração popular continental, nos marcos da ALBA. E diversos movimentos sociais brasileiros realizam suas atividades formativas nos espaços da escola, assumindo suas próprias despesas.
Veja a seguir algumas informações básicas sobre o funcionamento da ENFF.
1. Um território de formação da classe trabalhadora
A escola está erguida sobre um terreno de 120 mil m2, com instalações de alvenaria de tijolos fabricados pelos próprios trabalhadores, usando a técnica do solo-cimento. O projeto arquitetônico, teve como princípio causar o menor dano ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, propiciar o melhor resultado para o sujeito da escola: trabalhadores, alunos, assessores e visitantes.
Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório, dois anfiteatros, uma biblioteca com 40 mil livros (obtidos por meio de doação), com espaço de leitura e ilha de edição. Além disso, a escola conta com quatro blocos de alojamentos, refeitórios, lavanderia, estação de tratamento de esgotos e casas destinadas aos assessores e às famílias de trabalhadores que ali residem. Dispõe, ainda, de horta que produz para consumo local, e árvores frutíferas espalhadas pelo terreno. Para o lazer, oferece um campo de futebol gramado e uma quadra multiuso coberta.
O seu uso demanda a dedicação integral de 35 trabalhadores militantes, residentes no local, de todas as áreas (administrativa, pedagógica, infraestrutura elétrica, sanitária e outros). Todos os que frequentam os seus cursos se encarregam da limpeza, dos cuidados com a horta e outros trabalhos de manutenção.
A ciranda infantil, espaço educativo para os filhos dos trabalhadores e dos estudantes que lá acorrem, se chama “Ciranda Infantil Saci Pererê” e oferece um ambiente sadio, educativo e cuidadoso às crianças, enquanto seus responsáveis, principalmente as mães, estudam e/ou trabalham. Saci Pererê foi escolhido em um concurso interno entre amigos e militantes do MST e representa o símbolo folclórico de nossa nacionalidade.
2. O TRABALHO EDUCATIVO
Desde 2005 passaram pela escola mais de vinte mil militantes dos movimentos sociais do campo e da cidade, de todos os Estados do Brasil e de outros países da América Latina e da África.
A escola tem recebido o apoio de mais de 500 professores voluntários – do Brasil, da América Latina e de outras regiões –, nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos.
A ENFFF é associada CLACSO, como espaço de parceria com inúmeras experiências de formação superior da America Latina. Também tem feito parceiras com inúmeras entidades do Brasil e do Exterior para o desenvolvimento de seminários, cursos e atividades formativas.
Se realizam na escola inúmeras formas e cursos diferentes. Há encontros e seminários temáticos de curta duração. Há cursos de formação de militantes desenvolvidos em várias etapas. Há cursos superiores em convênio com universidades, e há também cursos de especialização e de pós-graduação em convênios com universidades e/ou desenvolvidos por movimentos com outras parcerias.
Como parte do método pedagógico, a escola possui um coletivo pedagógico (CPP) permanente, responsável pela realização dos cursos planejados. Mas em cada curso ou atividade se constitui uma CPP especial, com participação dos próprios estudantes e professores, para autogestionarem as atividades formativas.
A escola possui um espaço de produção hortigranjeira, na qual os estudantes também se inserem como parte do trabalho-estudo educativo.
Temos orgulho de já termos recebido como professores visitantes ilustres pensadores do pensamento crítico mundial, que contribuíram com a escola, como: Istvan Mezaros, Eduardo Galeano, Aleida Guevara, Ignacio Ramonet, Jean Ziegler, Walter Salles, Ana Esther Cecena, Isabel Mona, Isabel Rauber, Francois Houtart, Fernando Martinez, Armando Bartra, Marta Harnecker, Michel Lowy, Claudio Kartz, Richard Gott, Carlos Barrientos, entre outros..
3. PARTICIPE DA LUTA EM DEFESA DA ENFF
Em dezembro de 2009 um grupo de intelectuais, professores, militantes e colaboradores criou a “Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes”, com os seguintes objetivos:
• divulgar as atividades da escola, por todos os meios possíveis;
• Iniciar uma campanha nacional pela adesão de sócios;
• Promover atividades e campanhas de solidariedade para angariar recursos, incluindo doações de livros, revistas, publicações e material audiovisual para a Biblioteca da ENFF;
• Apoiar e incentivar o desenvolvimento de projetos de educação e escolarização de crianças, jovens e adultos do campo, da cidade, das comunidades indígenas e quilombolas, bem como projetos contra as discriminações de raça, cor, gênero, sexo e religião;
• Desenvolver parcerias específicas com instituições e entidades que atuem na área da formação e educação;
• Viabilizar projetos que estimulem estudos acerca da tradição do pensamento crítico;
• Estimular intercâmbio de atividades de formação do Brasil com a América Latina e com outros continentes.
4. PRECISAMOS DE SEU APOIO E PARTICIPAÇÃO:
Para se tornar associado, é indispensável preencher da ficha de adesão com o compromisso de contribuir regularmente com um valor mínimo mensal de R$ 30,00, ou com contribuições solidárias de qualquer valor.
Os recursos angariados pela Associação são diretamente destinados às atividades da escola. Eventualmente, parte desses recursos é usada na organização de outras atividades (seminários, mostras de arte e fotografia, festivais de música e cinema etc.), cujos recursos também são destinados à ENFF.
Se você ainda não conhece, pode fazer uma visita individual ou coletiva de forma monitorada à ENFF, organizada periodicamente pela AAENFF.
A associação organiza visitas coletivas um sábado por mês.
Você sentirá orgulho de pertencer ao grupo de colaboradores que viabiliza o projeto ENFF.
Para obter mais informações sobre como participar e contribuir procure a Secretaria Executiva da AAENFF: Rua da Abolição nº 167 – Bela Vista – São Paulo – SP – Brasil – CEP 01319-030
Telefones: (55.11) 3105-0918 – 99454-9030