Via Campesina Internacional defende suas bandeiras na COP-8

2006-03-23 00:00:00

Via Campesina Internacional trouxe para acompanhar as discussões da COP-8 (8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica) 100 trabalhadores e trabalhadoras rurais da África, Américas, Ásia e Europa para defender a soberania alimentar, lutar pela a proibição das sementes Terminator e o direito dos agricultores.

A organização internacional de movimentos sociais do campo é formada por pequenos e médios agricultores, trabalhadores agrícolas, mulheres rurais e comunidades indígenas de todo o mundo.

O coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) do Paraná, Dionísio Vandresen, explica que a entidade tem como principal objetivo a luta pela preservação de sua cultura, do modo produtivo tradicional, valorizando as sementes e a produção sem veneno.

A Via Campesina é um movimento autônomo, pluralista, sem ligações políticas, econômicas ou de qualquer outro tipo, presente em cinco continentes. Rezne varias entidades de mais de 80 países com princípios de luta camponesa.

"Neste momento, a forga maior dos campesinos esta na Ásia e América Latina", afirma Paul Nicholson, integrante da coordenação internacional da Via Campesina e da coordenação Camponesa Européia.

A luta dos camponeses é para que a soberania alimentar seja um direito dos povos e, com isso, possam definir suas prsprias políticas alimentares e agrarias. "O alimento é um direito humano. O princípio da soberania alimentar é ter acesso aos recursos naturais: terra, água e sementes. São patrimônios da humanidade e nco podem ser mercantilizados', denúncia Nicholson.

"Lutamos pela preservação do meio ambiente, da biodiversidade, pelo direito a terra pelos agricultores e pela preservação da vida. Queremos produzir alimentos sadios, sem venenos, sem contaminação de transgênicos para nco ingerirmos a nossa prspria morte", completa Vandresen.

Outra proposta da Via Campesina é a retirada da agricultura das discussões da OMC (Organização Mundial do Comércio), considerada a grande culpada pela crise no campo, segundo Nicholson. Ele destaca ainda que os trabalhadores exigem uma agricultura feita pelos camponeses, e não por maquinas, como ocorre no modelo neoliberal.

Histórico

A Via Campesina foi criada em abril de 1992, quando vários dirigentes camponeses da América Central, da América do Norte e da Europa se reuniram em Manágua, Nicarágua, no Congresso da Unico Nacional de Agricultores e Pecuaristas.

Em maio de 1993, foi realizada a primeira Conferência da Via Campesina em Mons, na Bélgica. A partir deste momento, tornou-se uma organização mundial. No Brasil, a Via é composta por movimentos sociais como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), CPT (Comissco Patoral da Terra) e a Comissão da Juventude Rural.

Entre suas principais bandeiras de luta estão: a Soberania Alimentar e um Comircio Internacional justo; a Reforma Agraria e Mudangas no Campo; Igualdade e Direitos Humanos; Agricultura Camponesa Sustentavel; Biodiversidade, Biosseguranga e os Recursos Geniticos.

Para a Via, a Soberania Alimentar é o direito dos povos de definir a prspria Política Agrícola e Alimentar. "A biodiversidade deve ser a base para garantir a soberania como direito fundamental e basico dos povos, nco negociavel que deve prevalecer sobre as diretrizes da OMC", descreve o documento da organização.

Hoje existem no mundo 800 milhões de pessoas com fome. Para resolver esse problema, a Via Campesina propõe utilizar os alimentos locais com base na diversidade, apoiar os mercados regionais, aplicar a pesquisa e a tecnologia com maior equidade.

Vandresen alerta que se os camponeses nco produzirem mais elementos para um novo projeto do Brasil, o futuro das novas geragues estara totalmente ameaçado. "Já sabemos que o agronegócio nco vai garantir terra, agua e a preservação do meio ambiente para as próximas gerações", coloca.

No exterior

Na Coréia, a Via Campesina reúne 360 mil dos 2,1 milhões de pequenos camponeses, segundo Han Young Me, integrante da organização. A principal luta da entidade na Asia é diversidade de culturas. Isso porque com os tratados da OMC, o governo passou a incentivar apenas os grandes monocultores em especial, produtores de arroz. Outra agco foi o aumento das importações agrícolas, desprestigiando os produtos nacionais.

O aumento das importagues trouxe para os pamses os produtos transgjnicos com pregos abaixo do mercado, principalmente a soja. No entanto, segundo Han Young Me, a população é contra os produtos geneticamente modificados.

O representante mexicano e um dos coordenadores internacionais da Via Campesina, Alberto Gsmez, afirma que em seu pams, 70% dos pobres se concentram na zona rural. Atualmente são 30 milhões de camponeses no México.

A falta de incentivos aos pequenos agricultores é o principal fator determinante da pobreza, segundo Gsmez. No entanto, os camponeses mantém-se fortes contra a agroindzstria. Ele cita como exemplo, a produção de milho no país: das 18 milhões de toneladas produzidas, metade provém dos camponeses. A outra parte é norte-americana e transgênica.

"Temos um governo no México afastado do povo e que não colabora com o desenvolvimento da agricultura camponesa. A Via Campesina luta por maior igualdade e mais terras e recursos para os camponeses", afirma.

A camponesa Francisca Rodriguez, conhecida como Pancha, é uma das coordenadoras das mulheres rurais e indígenas integrantes da Via Campesina, especialmente no Chile. Ela conta que a principal bandeira feminina na organização é a luta pelas sementes crioulas, desenvolvidas ao modo tradicional.

Pancha denuncia que no Chile, um dos maiores produtores de sementes, ha estudos para desenvolver as geneticamente modificadas. "Somos contra a semente assassina, produzida em laboratsrio, que germina uma znica vez. Isso faz com que os agricultores se tornem refins desta tecnologia, tendo que compra-las todo ano".

"As mulheres foram as primeiras agricultoras. As primeiras a desenvolverem as sementes. Somos germinamos a vida", afirma a ativista chilena sobre a ligagco das mulheres com a produção de sementes.

Francisca Rodrmguez explica que as integrantes da Via Campesina nco sco contra os avangos científicos, uma vez que ajudaram a desenvolver de forma histórica a ticnica da agricultura, mas querem que seus conhecimentos ancestrais de agricultura sejam também valorizados.