Em Brasília, manifestantes entregam carta ao embaixador de Honduras no Brasil
Manifestantes da Via Campesina Brasil e de entidades da sociedade civil ligadas ao Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) entregaram ao embaixador de Honduras no Brasil, Victor Lozano, uma carta em solidariedade ao povo hondurenho e em defesa da democracia do país caribenho na manhã desta terça-feira (30/06), em Brasília.
Em frente à sede da Embaixada, onde o ato teve início, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se reuniu com o grupo e afirmou estar ao lado dos movimentos sociais brasileiros na defesa do povo de Honduras. Mais tarde, dentro da Embaixada, os manifestantes leram a carta (leia abaixo) e a entregaram a Lozano, que se emocionou e agradeceu a solidariedade brasileira. “Tenham certeza de que vamos seguir lutando para que sejam respeitados os direitos dos trabalhadores, dos camponeses e de todos aqueles hondurenhos que foram favorecidos pela política do presidente Zelaya. Contamos com a ajuda da nação brasileira nesse momento. Sou filho de camponeses, trabalho para o povo de meu país e fico muito feliz em encontrar a solidariedade de vocês aqui. Nossas portas, portanto, estão abertas para vocês”, afirmou o embaixador.
Maria Costa, integrante da Via Campesina Brasil, reforçou a disposição dos manifestantes em permanecer em vigília na Embaixada até que o presidente democraticamente eleito seja reconduzido a seu posto. “Nossa preocupação é que não haja derramamento de sangue, que sejam protegidas as lideranças campesinas e que seja feita uma reunião com o Grupo do Rio, um mecanismo de consulta internacional constituído por Estados latino-americanos e caribenhos. Vamos nos organizar para ficar mobilizados até que a democracia volte a Honduras. Seremos os guardiões de seu país aqui no Brasil”, garantiu.
No último domingo (28/06), os hondurenhos tiveram seu presidente eleito deposto pelos militares, que deixaram em seu lugar o presidente do Legislativo, Roberto Micheletti. Em Assembleia Geral da ONU realizada nesta terça, Zelaya afirmou que pretende voltar nesta semana a seu país, acompanhado dos presidentes da Argentina e do Equador e do chefe da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Leia a seguir a carta entregue ao embaixador Victor Lozano.
Carta aberta à Embaixada de Honduras e à sociedade
É com o sentimento de indignação que nós, organizações e movimentos sociais do Brasil abaixo assinados, recebemos a notícia de que o povo hondurenho sofreu um golpe militar a partir do sequestro do seu Presidente Manuel Zelaya na madrugada do último dia 28.
Repudiamos veementemente tal ato, pois atenta contra ao processo democrático em curso naquele país, construído à custa de muitas lutas sociais e populares por trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade que na edificação da democracia Hondurenha tombaram e tiveram suas vidas ceifadas.
A vitória do Presidente Manuel Zelaya é uma conquista de toda uma mobilização social e do fortalecimento dos trabalhadores e trabalhadoras daquele país; além disso, de fortalecimento de um governo que leva em consideração as necessidades sociais do povo.
O povo latino-americano vem assistindo e participando do processo de reconhecimento dos seus direitos, com governos progressistas e que junto com as organizações sociais vem construindo processos internacionais e continental de solidariedade - a exemplo da ALBA. Em decisão soberana, a população hondurenha iria ratificar através de plebiscito a decisão contra o retorno das oligarquias ditatoriais ao poder. Como resposta a esse processo popular, essas oligarquias golpearam duramente tal processo democrático em curso, tentando imobilizar o povo.
Esse golpe militar reacende nossa memória sobre as décadas de ditadura iniciada na década de 60 em toda América Latina. É essa memória de lutas e resistência que nos leva a reforçar e apoiar a luta do povo Hondurenho e exigir:
1.A volta imediata do presidente Manuel Zelaya ao comando do país;
2.O restabelecimento da ordem constitucional, sem o derramamento de sangue e sem repressão à população de Honduras, que exige o retorno da democracia;
3.Que seja respeitada a integridade física das lideranças sociais, inclusive a de Rafael Alegría – dirigente internacional da Via Campesina;
4.Que as autoridades garantam em pleno exercício democrático a consulta popular, como forma de livre expressão;
5.Uma reunião imediata do Grupo do Rio no Brasil para que se avalie a situação política do país.
Reafirmamos nossa solidariedade ao povo hondurenho, ao presidente Manuel Zelaya e às organizações e movimentos sociais que levam a cabo, e seguirão levando, as decisões soberanas do povo hondurenho.
Subscrevem:
Fórum Nacional da Reforma Agrária e Justiça no Campo – FNRA
Via Campesina – Brasil
Rede Brasil – Jubileu Sul
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH
Confederação Nacional dos trabalhadores da agricultura – CONTAG
Movimento dos Trabalhadores rurais sem terra – MST
Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – FETRAF Brasil
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Caritas Brasileira
Movimento das Mulheres Camponesas – MMC
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento Democracia Direta – MDD
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Central dos Movimentos Populares – CMP
Conselho Nacional das Igrejas Cristas – CONIC
Confederação dos Trabalhadores do Serviço Publico Federal – CONDESEF
Pastorais Sociais da CNBB
Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – MTL
Associação Brasileira de Reforma Agrária – ABRA
Associação Brasileira de ONG’s – ABONG
Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa – AS-PTA
Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – ANDES – SN
Centro de Justiça Global
Coletivo Motirõ
Coordenadoria Ecumênica de Serviço - CESE
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Confederação Nacional das Associações dos Servidores do INCRA – CNASI
Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais – DESER
ESPLAR Centro de Pesquisa e Assessoria
Federação de Órgãos para Assistência Social e Organizacional – FASE
Federação Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica e do Setor Publico Agrícola do Brasil – FAZER
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
FIAN – Brasil
FISENGE
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento – IBRADES
Instituto de Desenvolvimento e Ação Comunitária – IDACO
IECLB
IFAS
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST
Pastoral da Juventude Rural – PJR
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
RENAP
Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário – SINPAF
Terra de Direitos
TV Comunitária de Brasília
Empório do Cerrado
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB
Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos – ABRANDH
Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Comissão de Justiça e Paz
Grito dos Excluídos
Mutirão Nacional pela Superação da Miséria e da Fome
Movimento de Olho na Justiça