15 mil trabalhadores saem às ruas contra a crise em SP

2009-03-30 00:00:00

 
As centrais sindicais, movimentos populares, entidades estudantis e pastorais sociais reuniram 15 mil pessoas e fizeram uma grande marcha no Ato Internacional Unificado contra a Crise, nesta segunda-feira (30/3), em São Paulo. Os manifestantes cobraram medidas contra o desemprego, a redução dos juros, ampliação dos investimentos públicos e dos direitos trabalhistas e a realização da Reforma Agrária. As ruas de São Paulo se transformaram em uma verdadeira aquarela de cores, em uma passeata de três quilômetros forrada de bandeiras de todos os tons, que simbolizaram a unidade das principais organizações de trabalhadores do país.
 
Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST, avaliou como um passo importante a unidade das entidades no ato, mas acredita que é preciso avançar. “É preciso desenvolver um trabalho de base e explicar a crise para a classe trabalhadora e mobilizar milhões e milhões de pessoas para resistirmos”, disse Gilmar. “É uma crise social grave e é preciso nos prepararmos para enfrentá-la”. Para o dirigente do MST, “haverá conflitos e problemas de fome e miséria”, uma vez que os problemas da economia são mais profundos que na Crise de 29, tendo conseqüências extremamente graves para todos os povos. 
 
“Estaremos na rua e em todos os latifúndios que pudermos ocupar”, afirmou o integrante da coordenação nacional do MST, José Batista de Oliveira, que fez o compromisso de que os Sem Terra vão intensificar as lutas pela Reforma Agrária no mês de abril. Batista anunciou também que o Movimento prepara marchas em todos os estados para cobrar a Reforma Agrária, entre maio e junho, quando deve acontecer uma paralisação dos trabalhadores contra o desemprego.
 
A jornada de lutas, que aconteceu hoje por todo o país, foi a mais importante manifestação desde a jornada de 23 de maio, em 2007, quando as organizações populares fizeram em conjunto ações contra a política econômica neoliberal e o modelo do agronegócio, que impede a Reforma Agrária. 
 
"A manifestação foi uma demonstração de maturidade, de unidade das centrais e movimentos populares que estão nas ruas contra as demissões, exigindo medidas dos governos federal, estaduais e municipais para combater o desemprego e a alta rotatividade", declarou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique.
 
“É o primeiro grito unificado da classe trabalhadora contra a crise”, comemorou o deputado federal (PSOL-SP) Ivan Valente. “É uma demonstração de que é possível  se unir em defesa da classe trabalhadora, pela queda na taxa de juros e contra o desemprego”, comemorou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna.
 
“Não podemos entrar na lógica de privatizar os lucros e socializar as perdas”, questionou o integrante da coordenação nacional da Intersindical, Pedro Paulo. “Temos que fazer uma grande luta para manter os empregos”, cobrou Wagner Gomes, da CTB (Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil). Luis Basségio, da Assembléia Popular, indicou como responsáveis pela crise os bancos e as empresas transnacionais. “Os bancos já tem dinheiro demais e é hora de repartir”, disse.
 
“A nossa luta está apenas começando”, projetou Zé Maria, da coordenação da Conlutas.  “Não aceitamos demissões nem redução de salários”. “Queremos fazer dessa crise uma momento de oportunidade para mais investimentos na educação”, cobrou Lúcia Stumpf, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). “Exigimos políticas que propiciem o primeiro emprego para a juventude”
 
O coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio Moraes, afirmou que a greve dos petroleiros, que parou todas as unidades da Petrobras por cinco dias, conseguiu impedir o aumento das demissões nas empresas terceirizadas. "Nossa greve tem tudo a ver com esse ato. Lutamos contra a redução de postos de trabalho na Petrobrás, garantindo o emprego de mais de 200 mil contratados e arrancamos na negociação o compromisso de cessar a política de terceirização e combater a precarização", apontou Moraes.
 
Na passeata, os manifestantes partiram da frente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na Avenida Paulista, e passaram pelo Banco Central e pela CEF (Caixa Econômica Federal), onde fizeram protestos contra a política econômica. Depois, desceram a Avenida Consolação, até chegar à Praça Ramos, onde aconteceu o encerramento do ato.
 
Os atos contra a crise, que foram discutidos na Assembléia dos Movimentos Sociais, no Fórum Social Mundial. Foram realizados atos em Brasília, Pernambuco, Paraná, Alagoas, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Maranhão, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Rio Grande do Sul e Pará. Estão previstas manifestações entre 28 de março e 4 de abril em todo o mundo.
 
MST