MST participa de fórum da soberania alimentar na África

2007-02-27 00:00:00

Termina amanhã o Fórum Social pela Soberania Alimentar Nyéléni 200, que conta com a participação de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e acontece na cidade de Sélingué, interior do Mali, África. Um dos objetivos do Fórum é avaliar a produção de alimentos no mundo, articular e ampliar o apoio político à soberania alimentar, além de traçar estratégias para implantar sistemas de produção alimentar em nível global e local que priorizem interesses de pequenos produtores agrícolas e dos consumidores, em detrimento dos interesses das grandes companhias transnacionais. O evento começou no dia 23.

Mais de 600 representantes de 98 países participam do Fórum. São sem-terra, agricultores, pescadores, associações de mulheres, trabalhadores do campo e da cidade, povos indígenas, organizações de defesa do meio ambiente e organizações não governamentais.

Todos os movimentos coordenam espaços de debate para a criação de uma agenda geral para as lutas e atividades nos próximos quatro anos. Assim, cada delegado poderá contribuir para a construção de uma agenda política mundial e popular pela soberania alimentar. Além do presidente de Mali, Amadou Toumani Touré, Hugo Chávez, presidente da Venezuela, também está entre os convidados para o evento.

Outros convidados de peso são as indianas Vandana Shiva, uma das mais respeitadas ambientalistas do mundo, e Arundhati Roy, escritora premiada e ativista política, o egípcio Samir Amin, economista e um dos mais importantes pensadores marxistas da atualidade, o economista Martin Khor, diretor da Third World Network, o ex-relator para o direito à alimentação da ONU, Jean Ziegler, além de dirigentes dos movimentos sociais como João Pedro Stedile (MST), Dom Tomas Balduino (Comissão Pastoral da Terra), José Bové (Via Campesina e suposto candidato à presidência da França) e Paul Nicholson (Via Campesina).

O Fórum está sendo organizado por uma aliança de movimentos sociais internacionais, como a Via Campesina, a Marcha Mundial de Mulheres, o Fórum Mundial de Trabalhadores da Pesca, o Fórum Mundial dos Povos da Pesca, o Comitê Internacional de Planejamento sobre Soberania Alimentar, entre outros.

Soberania Alimentar

O conceito de soberania alimentar foi criado e divulgado pela primeira vez em meados da década de 90. O princípio defende a autonomia dos povos para decidir soberanamente sobre as formas de produção de alimentos e agricultura que melhor convier à realidade nacional e local, sem interferência de interesses externos ou domésticos.

A luta acabou se tornando a principal oposição ao modelo agroexportador sob controle de instituições como a OMC (Organização Mundial do Comércio), que traz no mesmo pacote a produção de alimentos de maneira uniforme, em grande escala, altamente impactante do ponto de vista social e ambiental, as tecnologias transgênicas, a uniformização mundial dos hábitos alimentares, e uma crescente ofensiva pelo controle de terra, recursos naturais e pesqueiros, fontes de água, florestas, entre outros, por parte de mega-corporações transnacionais.

O conceito foi adotado também pelo Relator Especial do Direito à Alimentação da Comissão de Direitos Humanos da ONU, Jean Ziegler, e pela União Mundial para a Natureza (UICN), organização internacional que congrega instituições governamentais e não-governamentais. Em 2006, a soberania alimentar foi incluída no documento final da Conferencia Mundial da Reforma Agrária da FAO, ocorrida em Porto Alegre.

(com informações da Agência Carta Maior)